Endesa vai olhar com interesse para leilão de distribuição de baixa tensão
A Endesa vai olhar com interesse para o leilão de distribuição de eletricidade em baixa tensão, que foi parado pelo atual Governo para rever o modelo, disse o diretor-geral para Portugal, em entrevista à Lusa.
“É algo que nós vamos olhar com interesse, com cautela também, para perceber qual é o modelo e quais vão ser as regras de funcionamento deste leilão, para ver se nos interessa entrar ou não”, afirmou Guillermo Soler.
O anterior Governo do PS tinha previsto publicar o leilão de distribuição de eletricidade em baixa tensão até ao final deste ano, mas o atual Governo decidiu ‘pôr o pé no travão’, para reformular o modelo.
A Endesa, que em Portugal não atua na distribuição de energia, acredita que “as redes têm um desafio espetacular pela frente”, não só no que diz respeito à baixa tensão, mas também às de média e alta tensão.
“A grande dificuldade na expansão dos projetos renováveis em Portugal, mas também em Espanha, é normal, é algo conhecido por todos os atores e pelo Governo, é a limitação das redes”, apontou Guillermo Soler.
O responsável defendeu que é preciso fazer um esforço de investimento para preparar as redes com capacidade para absorver todos os objetivos de renováveis que estão previstos até 2030 e também preparar as redes de baixa tensão para o “consumo do futuro”, que é “absolutamente digital” e “totalmente diferente do atual”.
Relativamente ao leilão de baixa tensão, a Endesa diz que tem de perceber se vai fazer sentido do ponto de vista económico e de rentabilidade e explicou que o grupo de trabalho, que tem de apresentar à ministra a sua proposta até 15 de dezembro, tem como objeto, basicamente, procurar o equilíbrio entre o melhor modelo para ter as melhores redes preparadas no curto prazo e respeitar o interesse económico dos municípios, por um lado, e das empresas que têm de participar.
“Em projetos da dimensão, como os que a Endesa está a desenvolver, e não estamos a falar de projetos pequenos, a preparação das redes e este investimento que tem de se fazer é fundamental, senão vamos provocar um funil, que por muita vontade de investimento que tenham as empresas, no fim não conseguem concretizar os projetos”, afirmou o responsável.
Guillermo Soler salientou que as empresas têm determinado valor disponível para investir e, “se não há condições de investimento no mercado português, que é altamente interessante, porque, ainda por cima, tem uma regulação muito estável, vão ter de pôr o dinheiro em outro lugar”.
O responsável destacou ainda a demora nos processos de licenciamento para projetos renováveis, que podem levar mais de um ano, mas disse acreditar que este tema é uma prioridade para o atual Governo, que parece estar a procurar soluções.
Adicionalmente, para a Endesa, Portugal deve também trabalhar na criação de um mercado de capacidade, para armazenar energia renovável em baterias.
“Vamos ter que desenvolver este mercado de capacidade que, fundamentalmente, tem de passar por incentivos económicos para os ‘players’ desenvolverem as baterias” e que devem ser equivalentes em Portugal e em Espanha, para não “romper a visão de mercado ibérico”, defendeu.