Empresas que não conseguem competir com salários dos concorrentes usam teletrabalho como “isco” para atrair talento

Com o recente apelo da Amazon para que os seus funcionários regressem aos escritórios, o teletrabalho parece estar a perder terreno. No entanto, empresas que não conseguem competir em termos salariais com os seus maiores rivais, veem no trabalho remoto uma oportunidade para atrair talentos.

Esta estratégia é especialmente visível na Europa, onde, curiosamente, os candidatos não demonstram tanto interesse por esta modalidade como se poderia esperar, conta o ‘elEconomista’.

Nos últimos trimestres, embora a quantidade de vagas disponíveis tenha diminuído em comparação com os picos de 2022, a dificuldade em encontrar trabalhadores continua a preocupar grandes economias europeias como o Reino Unido e a Alemanha. Estes países, que possuem taxas de desemprego historicamente baixas, enfrentam uma escassez de mão-de-obra qualificada em diversos setores, desde a construção até a tecnologia, consultoria e advocacia – profissões que, em tese, poderiam beneficiar do teletrabalho.

Apesar de a Europa oferecer mais oportunidades de trabalho remoto do que os Estados Unidos, as pesquisas de emprego revelam que o interesse por parte dos candidatos europeus é surpreendentemente baixo. Dados do Eurostat indicam que a Alemanha, França e Reino Unido têm uma percentagem de ofertas de teletrabalho consideravelmente superior à dos EUA (11% na Alemanha, 14% em França e no Reino Unido), mas as pesquisas por este tipo de vagas são significativamente menores (3% na Alemanha, 2,5% no Reino Unido e apenas 0,7% em França).

Especialistas sugerem que este desfasamento entre a oferta e a procura de teletrabalho na Europa pode estar relacionado com a forma como os portais de emprego são utilizados em cada região. Enquanto nos EUA há uma maior diversidade setorial nas empresas que publicam vagas online, na Europa, as ofertas estão mais concentradas em cargos administrativos, onde o teletrabalho é mais comum. Além disso, a utilização de portais de emprego públicos, como ocorre na França, pode influenciar as dinâmicas de oferta e procura de trabalho remoto.

Apesar disso, cerca de 25% dos trabalhadores na União Europeia já atuam em regime de teletrabalho, seja em modalidade totalmente remota ou híbrida, de acordo com dados de 2023 do Eurostat. Este número sobe para 37% na Irlanda e fica em 23% na Alemanha e 24% em França.

As empresas europeias enfrentam, ainda, o desafio de competir com as suas congéneres norte-americanas em termos de flexibilidade salarial. A inflação dos últimos anos e as rígidas regulamentações trabalhistas e salariais impostas pelos governos europeus dificultam a adaptação do mercado a novas dinâmicas de trabalho.

 

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