Empresas dão ‘sinal de vida’. Intenção de contractar em ligeira subida após mínimo histórico

Depois de no terceiro trimestre se ter registado um mínimo histórico, houve um crescimento lento da força de trabalho em Portugal no último trimestre de 2020, segundo apurou o mais recente “ManpowerGroup Employment Outlook Survey”, que analisa trimestralmente as intenções de contratação das empresas.

Perante o contexto pandémico actual, os empregadores portugueses revelam-se cautelosos e apenas 11% prevêem aumentar as contratações entre Outubro e Dezembro, indica o estudo, que serve como um indicador das tendências e actividades do mercado de trabalho.

A nível nacional, a projecção para a criação líquida de emprego é de mais 2% – um valor que sobe 11 pontos percentuais face ao trimestre anterior, mas permanece oito pontos abaixo do registado no período homólogo de 2019.

Num universo de 440 empresas portuguesas inquiridas, cerca de 9% dos empregadores antevêem uma diminuição da força de trabalho e 71% não avançam qualquer alteração.

“Os resultados do estudo para o quarto trimestre traduzem um optimismo cauteloso, como consequência dos efeitos do fim do lockdown [confinamento] e da gradual retoma da “normal” actividade de sectores e empresas. Não obstante, a destruição de emprego provocada pela crise de saúde é significativa, como atesta o aumento em quase 92 mil inscritos nos centros de emprego, desde o passado mês de Fevereiro”, afirma Rui Teixeira, chief operations officer (COO, director de operações) da ManpowerGroup Portugal, citado em comunicado de imprensa.

A pandemia não está a afectar todos os sectores da mesma forma. Neste sentido, os trabalhadores de funções mais indiferenciadas, em áreas “como a restauração e hotelaria, o imobiliário ou o retalho estão entre os principais afectados pela perda de emprego”, enquanto “áreas de transformação digital, de cibersegurança ou de e-commerce estão a crescer e a necessitar de talento com as skills certas”, indica ainda o COO da ManpowerGroup.

O sector da construção é, na verdade, o mais negativo. “Apesar de não terem parado durante o pico da pandemia, os empregadores da construção são agora os mais pessimistas, em resultado de uma redução na carteira de encomendas, tanto a nível do investimento privado, como em contractos de empreitadas de concursos públicos”, diz a publicação.

Este sector revela então as intenções de contratação mais fracas desde o início do estudo, há quatro anos. A projeção para a criação líquida de emprego é de menos 9%, um valor 3 e 25 pontos percentuais abaixo do relatado no trimestre anterior e no quarto trimestre de 2019, respectivamente.

Em termos geográficos, preveem-se ganhos na força de trabalho em duas das três regiões portuguesas, nos próximos três meses: Centro e Norte. Já na região Sul, os empregadores antecipam o mercado de trabalho regional mais fraco, com uma projeção de menos 9% – a mais baixa desde o início deste estudo, devido ao impacto da redução no turismo na região.

No que diz respeito ao tamanho das empresas, o mercado de trabalho mais forte é antecipado pelos empregadores das grandes e médias empresas, que relatam uma projeção para a criação líquida de emprego de mais 6%. Já as pequenas empresas apontam para uma projeção de mais 4%, enquanto as microempresas indicam planos de contratação mais pessimistas, com menos 3%.

A nível global, os empregadores de 22 dos 43 países e territórios analisados esperam aumentar a sua força de trabalho durante os próximos três meses. Em 16 países, os empregadores contam reduzir as contractações e, em cinco, não é esperada qualquer alteração.

Por último, as intenções de contratação mais fortes são relatadas em Taiwan, Estados Unidos, Turquia, Japão e Grécia, enquanto as mais fracas são esperadas no Panamá, Costa Rica e África do Sul.

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