Empresas centenárias: Ramirez – Conservada com o tempo

Desde 1853, a pequena vila de Vila Real de Santo António, em Portugal, tem sido o berço de um legado empresarial notável. Foi neste cenário que Sebastian Ramirez fundou uma fábrica de conservas que se tornaria a mais antiga em funcionamento contínuo no mundo. Esta é a história da Ramirez, uma empresa que, ao longo de gerações, manteve a tradição enquanto abraçava a inovação.
Sebastian Ramirez lançou o seu projecto em 1853 e, desde então, a história da Ramirez tem sido marcada por um legado familiar. Manuel Ramirez, filho de Sebastian, foi um visionário ao introduzir o primeiro galeão sardinheiro a vapor português, o Nossa Senhora da Encarnação. Este avanço tecnológico permitiu a expansão da empresa para novas fábricas em Olhão, Albufeira e Setúbal, e abriu portas para os mercados internacionais.
Nos anos 1940, Emílio Ramirez, neto do fundador, tomou a decisão estratégica de transferir a principal fábrica para Matosinhos, uma região conhecida pela abundância de peixe. Esta mudança consolidou a presença da Ramirez na indústria e reforçou o compromisso com a qualidade que sempre distinguiu a empresa.

Ao longo das décadas, a Ramirez manteve-se na vanguarda da inovação. O investimento em tempos de crise e a adaptação às necessidades do mercado têm sido cruciais para o sucesso da empresa. Um exemplo marcante é a adaptação de uma máquina de cortar vacas para cortar atum, uma solução inovadora introduzida pelo avô do actual líder da empresa.
Além disso, a Ramirez foi pioneira na introdução da abertura fácil em conservas de peixe. Desafiada por um cliente inglês, a empresa desenvolveu uma nova forma de abertura em colaboração com engenheiros alemães, um projecto que levou dois anos para ser concluído.
A Ramirez tem demonstrado uma notável capacidade de adaptação às mudanças tecnológicas. Em 2009, a empresa implementou a robótica no processo de embalamento, automatizando a preparação e embalagem das mercadorias. A visão artificial também desempenha um papel crítico na verificação da qualidade das latas, substituindo o trabalho manual, a olho, de cerca de 20 pessoas.
Além disso, durante a pandemia, a empresa lançou uma loja online, oferecendo o seu portefólio completo de produtos. Esta inovação não só facilitou o acesso dos consumidores às conservas Ramirez, mas também fortaleceu a presença da marca no mercado.


A cultura empresarial da Ramirez é um dos pilares da sua longevidade. «A cultura empresarial é a razão de existirmos e de que querermos continuar a existir», admite Manuel Ramirez. A empresa valoriza a qualidade e a inovação, mas também reconhece a importância de manter um negócio sustentável. A mensagem é clara: continuar a fazer o melhor é essencial para a sobrevivência e sucesso contínuo da empresa.
A fidelidade dos clientes é mantida através da constante inovação e da criação de produtos que respeitam a tradição da empresa enquanto se adaptam às preferências do mercado e dos consumidores de hoje.
Hoje, a Ramirez é liderada pela quinta geração da família, com a sexta já em formação para garantir a continuidade deste negócio centenário. A empresa não só preserva a herança deixada por Sebastian Ramirez, mas também continua a inovar e a adaptar-se às novas exigências do mercado, mantendo-se fiel à tradição que a tornou uma referência na indústria de conservas. 






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