Embaixador em Portugal admite novos investimentos industriais chineses

Pelo menos cinco empresas chinesas estudam implantar fábricas em Portugal, incluindo fabricantes automóveis, disse à Lusa o embaixador da China em Lisboa, que espera a “criação de um ambiente justo e indiscriminado” para investidores pelo Governo português.

“Atualmente algumas empresas chinesas como a Tederic, Ningbo David Medical Device, Shyahsin estão a preparar-se para construir fábricas em Portugal e outras empresas na área de veículos eletrónicos como a Chery e a XEV também demonstraram o seu interesse em construir fábricas em Portugal, estando a fazer investigações no mercado”, afirmou Zhao Bentang.

A CALB já está a planear construir uma fábrica de baterias de lítio e recebeu luz verde da APA (Agência Portuguesa do Ambiente), informou ainda Zhao Bentang, notando que a construção desta fábrica se deverá refletir na “localização da cadeia industrial de veículos com novas energias e também para a transição de baixo carbono de Portugal”.

Em entrevista à agência Lusa, o embaixador previu que o empreendimento Parque de Oeiras, projeto conjunto da China State Construction Engineering Corporation e da Teixeira Duarte, possa começar a ser construído ainda este ano, criando, assim “condições para atrair mais investimentos estrangeiros e criar condições mais favoráveis para a economia de Oeiras”.

Dado o envolvimento de uma empresa chinesa no projeto de Oeiras, poderão, no futuro, ser atraídos “investimentos das empresas chinesas na área das novas energias”, considerou o diplomata, que também tem expectativas sobre Portugal manter o ambiente para a realização de negócios e investimentos.

“Esperamos que o Governo português possa continuar a criar um ambiente aberto, justo, igual e indiscriminado para empresas estrangeiras. Para proteger os direitos legítimos dos investidores estrangeiros e oferecer um ambiente de desenvolvimento seguro e estável a longo prazo”, assim como de forma a “atrair mais empresas chinesas a investir e fazer negócios em Portugal”, o que também ajuda o “desenvolvimento socioeconómico” do país, defendeu.

À Lusa, o embaixador recordou que Portugal é um dos “países mais amigáveis da China na União Europeia e um parceiro estratégico global, compartilhando boas relações nas áreas da política, do comércio e também de amizade entre os dois povos”. Portugal, refere, é também um dos principais destinos de investimento de empresas chinesas, e no ano passado o investimento direto da China ultrapassou os 386 milhões de euros, um aumento homólogo de 34,52%.

Já o stock de investimento direto ultrapassou os 3,6 mil milhões de euros, um aumento homólogo de 12,2%. Quando se inclui o investimento de empresas chinesas através de Portugal para países terceiros, o stock de investimento ascende a 12,3 mil milhões de euros, um aumento homólogo de 10,16%, disse o diplomata.

São investimentos pautados pelo princípio de “benefícios mútuos e ganhos partilhados”, frisou, dando vários exemplos de sucesso e de parcerias, como a construção do NESTER – o Centro de Investigação Energética de Portugal, numa altura em que a economia portuguesa está virada para a transição energética, digital e inovação, tal como a chinesa, empenhada em “promover o desenvolvimento de alta qualidade com as forças produtivas”.

“Podemos dizer que os dois países compartilham os conceitos de desenvolvimento e têm óbvias vantagens complementares e um futuro de cooperação mais amplo”, concluiu à Lusa.

Depois de a Fosun ter reduzido recentemente parte da sua participação no Millennium bcp, e face a incerteza quanto à preparação de novas reduções, o diplomata indicou que, em reunião recente, o diretor-geral do grupo chinês lhe transmitiu muita satisfação com a “colaboração em Portugal, na Fidelidade, no Banco Comercial e no hospital (Luz Saúde)”.

“Estão muito satisfeitos nesses projetos de cooperação e decidiram continuar o desenvolvimento da sua empresa em Portugal e não planeiam abandonar o investimento”, afirmou à Lusa.

“Mas às vezes a empresa vai ajustando as suas medidas de acordo com a situação de mercado. E quando os títulos crescem, a empresa vai comprar mais para ganhar mais. E quando os títulos descem, também mudam a sua medida de negócios. E normalmente vai ter mudanças dentro de um limite, de uma quota”, disse.

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