Em Viseu e Vila Real: bombeiros parados falham ajuda em concelhos vizinhos devido a falta de coordenação da Proteção Civil

A coordenação dos fogos que têm assolado Portugal, nos dois últimos dias, tem sido criticada por alguns comandantes, autarcas e pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP). Em Viseu e Vila Real faltou o apoio dos bombeiros, isto quando já havia equipas paradas nos concelhos vizinhos, descreveu esta quarta-feira o ‘Jornal de Notícias’.

Em causa está a organização em estruturas sub-regionais em vez das distritais, após a reforma da Proteção Civil, salientou António Nunes, presidente da LBP, indicando “situações inacreditáveis”. “Tivemos um caso em que Viseu estava a precisar de bombeiros, os da zona Sul do distrito estavam todos em atividade e um corpo de bombeiros do distrito do Porto não saiu, porque pertence a outro comando sub-regional. Isto não faz sentido e prejudicou muito a organização”, lamentou.

Em Vila Pouca de Aguiar, o comandante Hugo Silva também denunciou que havia bombeiros parados no concelho vizinho de Vila Real que não deram apoio por falta de articulação: “Há frentes a arder livremente sem meios de combate e os que aqui estão já têm mais de 24 horas de trabalho.”

O comandante nacional de emergência e proteção civil, André Fernandes, negou a falta de operacionais: “Os meios vão sendo empenhados à medida que são solicitados e há essa disponibilidade”, garantiu, salientando que no caso do fogo de Vila Pouca de Aguiar houve um reforço “com 95 operacionais de outros comandos sub-regionais”.

André Fernandes salientou também que “não está em cima da mesa” o pedido de Portugal por ajuda com bombeiros e viaturas da UE. No entanto, Duarte Caldeira, presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil, sustentou que “neste momento” a ajuda de bombeiros estrangeiros seria útil. “A colocação de elementos de outro país pressupõe o enquadramento operacional.”

O ex-presidente da LBP realçou que “não estamos numa situação de esgotamento de meios”, uma vez que há bombeiros a sul, não deixando de criticar a nova estrutura da Proteção Civil, que “não obedeceu à análise operacional e racional”. “Há mais chefes a mandar sem que resulte daqui melhor articulação.”

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