Em que países do mundo a população vai ‘encolher’ mais nos próximos anos? E em Portugal, como será?

Apesar de o mundo ter ultrapassado os 8 mil milhões de habitantes em novembro de 2022, o crescimento da população mundial está a abrandar a um ritmo desigual a nível mundial – ou seja, há países com um crescimento explosivo, outros que estão a começar a diminuir.

Numa análise, no âmbito do ‘World Factbook’, do Governo dos EUA, publicado pela Central Intelligence Agency (CIA), a 236 países e territórios em todo o mundo, estima-se que em 40 as respetivas populações estejam em declínio, em alguns caos superior a 1% ao ano.

“Este padrão de declínio deve-se principalmente às taxas de fertilidade persistentemente baixas (e em alguns casos extremamente baixas), especialmente em muitos países da Europa e da Ásia Oriental (mas também em Porto Rico e Cuba)”, destacou Tomas Sobotka, investigador sénior do Centro Wittgenstein para Demografia e Capital Humano Global e vice-diretor do Instituto de Demografia de Viena, em declarações à revista ‘Newsweek’.

“Os países com um declínio populacional acentuado combinam frequentemente baixa fertilidade, emigração e estruturas populacionais relativamente antigas. Especialmente os países do Sudeste e do Leste Europeu viram as suas populações diminuir rapidamente devido a uma combinação de emigração intensiva e baixa fertilidade persistente”, referiu.

De acordo com os dados da CIA, os países e territórios com a diminuição populacional mais rápida são estes:

1º Ilhas Cook – a diminuir 2,24% ao ano
2º Samoa Americana
3º Saint-Pierre e Miquelon
4º Porto Rico
5º Letónia
6º Lituânia
7º Polónia
8º Roménia
9º Estónia
10º Estados Federados da Micronésia.

Os Estados Unidos estão a crescer a um ritmo moderado de 0,67% ao ano. Já Portugal está em terreno negativo, com um crescimento negativo de 0,14%. No entanto, há um caso particular no mundo – a Rússia.

A Rússia está no 16º posto entre os países cuja população diminui mais rapidamente na lista da CIA. Mas porquê? “A Rússia tem enfrentado tendências demográficas desafiadoras – baixa fertilidade, estagnação ou ligeira diminuição da população, enormes disparidades regionais (com muitas regiões periféricas a encolher), mas também mortalidade persistentemente elevada e problemas de saúde da população, durante bastante tempo”, realçou Sobotka.

“Em teoria, a guerra poderia aumentar a população da Rússia se conseguisse capturar muitos territórios novos (e a população com eles)”, sustentou Sobotka. “Na realidade, isto é delirante. Mesmo que a Rússia fosse bem-sucedida na sua invasão, muitas vezes capturaria muitas cidades destruídas, restando pessoas idosas e vulneráveis ​​​​- o que não é o tipo de aumento populacional com que Putin sonharia.”

“Mais importante, a guerra está de facto a levar a mais mortes, incapacidades e ferimentos de muitos homens russos no pico da idade produtiva e reprodutiva. Isto também leva a uma redução mais rápida da força de trabalho, a mais pressão sobre os cuidados de saúde, e menos crianças a nascer – as mesmas tendências que Putin tentava obsessivamente inverter”, explicou o especialista.

No futuro, Sobotka sublinhou que estas tendências de redução provavelmente continuarão, à medida que muitos países continuam a assistir ao declínio das taxas de fertilidade e ao envelhecimento da população. “O crescimento da população global continuará a abrandar, tanto em termos absolutos como relativos”, disse Sobotka. “Mais países verão as suas populações diminuir”, garantiu.

“Por exemplo, a China viu a sua população diminuir pela primeira vez durante a pandemia da Covid-19, em grande parte devido à queda da fertilidade e não devido à elevada mortalidade da pandemia. No ano passado, a população da China diminuiu em mais de 3 milhões, de acordo com as estimativas da ONU, e isto é um processo que irá acelerar nos próximos anos e décadas. Além disso, outros países da Ásia Oriental, especialmente o Japão e a Coreia do Sul, verão as suas populações continuarem a diminuir devido às taxas de fertilidade muito baixas e à estrutura populacional envelhecida”, concluiu.

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