Egito ameaça suspender tratado de paz com Israel se este avançar para Rafah
O Egito pode suspender o seu tratado de paz com Israel se as forças israelitas forem enviadas para a cidade de Rafah, na fronteira sul da Faixa de Gaza, segundo garantiram esta segunda-feira duas autoridades egípcias, assim como Josep Borrell, chefe da política externa da União Europeia.
A ameaça de congelar os Acordos de Camp David de 1978 seguiu-se a uma afirmação do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de que o envio de tropas para Rafah era necessário para vencer a guerra de quatro meses contra o Hamas.
De acordo com as autoridades egípcias, os combates ali poderiam forçar o encerramento da principal rota do território sitiado para entrega de ajuda alimentar e abastecimento médico.
Mais de metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza fugiram para Rafah para escapar aos combates contra Israel e estão agora abrigados em extensos campos de tendas e abrigos das Nações Unidas perto da fronteira. “Uma ofensiva israelita sobre Rafah levaria a uma catástrofe humanitária indescritível e a graves tensões com o Egito”, escreveu o chefe de política externa da UE, na rede social ‘X’.
I echo the warning by several EU member states that an Israeli offensive on Rafah would lead to an unspeakable humanitarian catastrophe and grave tensions with Egypt.
Resuming negotiations to free hostages and suspend hostilities is the only way to avert a bloodshed.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) February 10, 2024
As autoridades egípcias temem que, se a fronteira for violada, os militares não consigam impedir a fuga de centenas de milhares de refugiados palestinianos para a península do Sinai, sem que Israel nunca lhes permita regressar.
O Qatar, a Arábia Saudita e outros países também alertaram para as graves repercussões caso as forças israelitas avancem para Rafah. De acordo com uma fonte da estação televisiva ‘Al-Aqsa’, qualquer invasão de Rafah “explodiria” as negociações mediadas pelos Estados Unidos, Egito e Qatar visando um cessar-fogo e a libertação de reféns.
Este domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ordenou ao exército que preparasse uma ofensiva contra Rafah, onde chegaram, nas últimas semanas, mais de 1,3 milhões de palestinianos em fuga da guerra.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo islamita palestiniano Hamas, vários ataques aéreos israelitas causaram hoje “cerca de 100 mortos” em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.