Economia ucraniana poderá sofrer quebra de 35% em 2022 devido à guerra. Rússia encolhe 8,5%
Na mais recente versão do seu World Economic Outlook, apresentado esta terça-feira dia 19, o Fundo Monetário Internacional (FMI) avançou que a economia ucraniana perderá cerca de 35% do seu valor, devido às consequências do conflito armado entre Rússia e Ucrânia. A análise é a primeira que apresenta um valor concreto para os custos da guerra no Leste da Europa e revela que as consequências negativas sobre a economia ucraniana poderão estender-se por vários anos, mesmo após terminado o conflito.
Devido às incertezas geradas pela guerra e à volatilidade subjacente aos conflitos armados, o FMI hesita em fazer previsões além de 2022, e não tece previsões para outros indicadores económicos na Ucrânia.
No relatório tornado público, o FMI sublinha que as quebras económicas sentidas já na Ucrânia “são resultado direto da invasão, da destruição de infraestruturas e do êxodo da sua população”, e mesmo que a guerra terminasse hoje “a perda de vidas, a destruição de capital físico e a fuga dos cidadãos prejudicariam gravemente a atividade económica por muitos anos”.
Do outro lado das trincheiras, também a Rússia deverá sofrer significativos prejuízos económicos. No mesmo relatório, o FMI aponta que a economia russa cairá 8,5% já este ano e 2,3% em 2023, como consequência direta da incursão militar lançada sobre a Ucrânia. De recordar que, no início deste ano, o FMI tinha previsto que a economia russa cresceria 2,8%. De acordo com as mesmas previsões, também a Bielorrússia registará uma contração económica, esperando-se que o PIB caia 6,4% este ano, face ao crescimento de 2,3% de 2021.
Desde o arranque da guerra, a 24 de fevereiro, sanções duras lançadas pelos EUA, União Europeia, Reino Unido, Japão e Canadá já deixaram a sua marca na economia russa. Contudo, a dependência que a UE ainda regista face aos produtos energéticos russos, como petróleo e gás natural, continua a conferir algum oxigénio a Moscovo. Em Bruxelas, os 27 debatem o estabelecimento de um embargo total às importações energéticas da Rússia, mas o assunto está longe de gerar consenso.
Citado pela ‘Euronews’, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou que a UE já pagou cerca de 35 mil milhões de euros à Rússia por produtos energéticos desde o início da guerra. Em 2021, 40% do gás e 25% do petróleo europeus foram importados da Rússia.
Os Estados-Membros debatem um embargo à importação de carvão, mas que deverá só vigorar a partir de agosto deste ano. Portugal é um de 17 países da UE que já expressou apoio à proposta da Comissão Europeia para reduzir a dependência do bloco face aos produtos energéticos russos.