“E se fosse contigo?”: Movimento Anti-Racista organiza hoje marcha em Lisboa para exigir justiça por Cláudia Simões
Este domingo, Lisboa será palco de uma manifestação organizada pelo Movimento Anti-Racista e diversos coletivos, que visa exigir justiça por Cláudia Simões e recordar as vítimas da violência policial e institucional em Portugal. A ação de protesto, intitulada “E se fosse contigo?”, terá início às 16h, junto ao Estabelecimento Prisional de Lisboa, e culminará com uma marcha até ao Martim Moniz.
O protesto tem como principal objetivo a exigência da revogação da sentença e de uma reparação pela violência que Cláudia Simões, uma cidadã afrodescendente, alega ter sofrido às mãos da polícia e do sistema judicial. Cláudia foi condenada a 1 de julho de 2024 por alegadamente ser responsável pelos seus próprios ferimentos e pelos ferimentos infligidos ao agente policial Carlos Cunha durante um incidente ocorrido numa paragem de autocarro na Amadora, em 2020.
Este episódio tornou-se um símbolo da luta contra o racismo institucional em Portugal, sendo amplamente contestado por várias associações e ativistas antirracistas. Cláudia Simões, vítima de agressão policial, foi, segundo os seus apoiantes, injustamente condenada. O Movimento Anti-Racista denuncia que o caso exemplifica como o sistema judicial português reflete desigualdades raciais. Uma carta de solidariedade, já assinada por cerca de 40 associações e centenas de ativistas, condena a sentença e apela à mobilização da sociedade civil.
Na carta de solidariedade com Cláudia, os signatários sublinham que o julgamento evidenciou o racismo institucional presente tanto nas forças de segurança como nos tribunais. “A violência infligida a Cláudia Simões durante o julgamento e a sua condenação são provas evidentes de que a justiça portuguesa tem cor”, apontam os ativistas, defendendo que o caso é um exemplo claro de como o preconceito racial influencia decisões judiciais.
A sentença foi criticada pelo Movimento Anti-Racista, que acusou o tribunal de perpetuar uma visão enviesada ao justificar a agitação social como fruto de “falsas assunções” e “preconceitos contra os polícias”. Esta postura, segundo os críticos, reforça a necessidade de uma revisão profunda das práticas judiciais e policiais em Portugal.
Para além de exigir justiça por Cláudia Simões, a manifestação assinala também o terceiro aniversário das mortes de Danijoy Pontes e Daniel Rodrigues, dois reclusos que perderam a vida no Estabelecimento Prisional de Lisboa a 15 de setembro de 2021, com apenas alguns minutos de diferença. Até hoje, as circunstâncias das suas mortes permanecem sem explicação, o que tem gerado grande indignação entre as famílias e associações de direitos humanos.
O ponto de partida da manifestação será o Estabelecimento Prisional de Lisboa, local onde Danijoy e Daniel perderam a vida, simbolizando a ligação direta entre o protesto de hoje e a luta pela verdade e justiça para estas duas vítimas. A marcha seguirá até ao Martim Moniz, passando por locais simbólicos da cidade e atraindo a atenção da população para estas questões.
Organizações como a Djass – Associação de Afrodescendentes, Afrolink, SaMaNe, Vida Justa, Vozes de Dentro, Solidariedade Imigrante e SOS Racismo estão entre os grupos que apoiam a mobilização.