“É preciso que haja crescimento da economia, e é preciso exportar mais valor acrescentado”, diz Paulo Moita de Macedo

Paulo Moita de Macedo, Presidente da Comissão Executiva e Vice-Presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), foi o Keynote Speaker na XXVI Conferência Executive Digest, onde falou das profundas alterações e os seus impactos na economia, nas empresas e na sociedade.

O executivo aponta que estas alterações podem ser antecipadas pelas empresas e pelos governos e, como tal, analisou diversos drivers que estão a contribuir para uma alteração do paradigma económico, empresarial e social.

 

DEMOGRAFIA

Paulo Moita de Macedo começo por sublinhar que Portugal é um país triplamente envelhecido, temos um saldo fisiológico negativo. Prevê-se que até meados do século XXI triplique a população muito idosa (85 ou mais anos), dupliquem os maiores de 65 anos, que os jovens sejam menos de 26% e que a população ativa e contributiva seja menos de 33%.

A curto prazo, Paulo Moita de Macedo sublinha a importância da fecundidade para resolver o problema demográfico que o nosso país enfrenta. Já a médio prazo: “Nos próximos 20/30 anos, a única hipótese de contrariar é através da emigração, mas temos de começar já”, alerta, destacando ainda que é necessário conhecer o tipo de pessoas e as suas qualificações.

Portugal tem melhorado os níveis de qualificações, tendo vindo a convergir com os UE-27, no entanto, é preciso repensar as requalificações, e as universidades têm sobrevivido devido ao elevado influxo de estudantes estrangeiros no país.

O CEO da Caixa refere ainda que a produtividade das empresas depende das qualificações dos trabalhadores e dos gestores, no entanto, Portugal continua na cauda da Europa, com 47,5% dos empregadores com baixas qualificações. “A aposta na formação influencia a produtividade”.

“É preciso que haja crescimento da economia, e é preciso exportar mais valor acrescentado”, destaca Paulo Moita de Macedo.

 

SUSTENTABILIDADE

No âmbito da sustentabilidade, o Presidente da Comissão Executiva e Vice-Presidente do Conselho de Administração da Caixa destaca que os riscos ambientais permanecem no Top dos riscos mais graves que se preveem enfrentar na próxima década e os riscos tecnológicos passaram a liderar os riscos a curto prazo.

“As conclusões que tiramos é que a sustentabilidade já não é opcional”, acerva, sublinhando que na CGD os clientes procuram cada vez mais informações pelos fundos de investimento green e que têm na sua carteira entidades que cumpram determinados critérios.

“Os investidores preocupam-se com os portefólios dos bancos, querem saber se vai ser rentável nos próximos anos”, revela.

Paulo Moita de Macedo destaca que vai haver redução de empregos nas indústrias castanhas, no entanto, por outro lado, projeta-se uma nova criação de empregos green, bem como o aumento na criação de empregos sociais, porque se vamos ter pessoas mais velhas, vamos ter quem cuide deles.

Revela ainda o Plano de Transição para a neutralidade carbónica da Caixa, que quer reduzir em 40% a pegada carbónica em 2030, e dentro de dois anos deixar o atual edifício edifício e passar para um com um terço do tamanho.

O executivo destaca ainda que os bancos, onde se inclui a Caixa, estarão disponíveis para financiar investimentos em instalações de captura e sequestro de CO2, na obtenção de combustíveis mais limpos, em novas fontes de produção de eletricidade, entre outros.

 

IA | TECNOLOGIA

Paulo Moita de Macedo apontou desafios e oportunidades da IA e da tecnologia, sublinhando que há uma aceleração da capacidade e computação em termos de rapidez, novas tecnologias para incrementar a eficácia nos processos e nos negócios, e é necessária a adoção de uma abordagem ética e responsável no uso da tecnologia e o ajuste da regulação.

Neste âmbito, o CEO da Caixa destaca que uma grande parte das pessoas com baixa qualificação são empresários e gestores de empresas, apontando novamente a importância da qualificação e requalificação dos profissionais e gestores portugueses.

 

O palco da Culturgest recebeu a XXVI Conferência Executive Digest, o evento de referência que juntou em palco Presidentes, CEOs e gestores de topo do tecido empresarial nacional para debater o tema “As profundas alterações – e os seus impactos na Economia, Empresa, Sociedade”.

A XXVI Conferência Executive Digest conta com o apoio da Caixa Geral de Depósitos, Delta Q, Fidelidade, Jaba Recordati, MC, MEO Empresas, Randstad, Tabaqueira, e ainda com a parceria da Capital MC, Neurónio Criativo e Sapo.

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