É oficial: BCE anuncia aumento das taxas de juro em 75 pontos-base
O Conselho do BCE decidiu hoje aumentar as três principais taxas de juro do BCE em 75 pontos-base. Este é o terceiro grande aumento consecutivo da taxa de política monetária.
“Com este terceiro grande aumento consecutivo da taxa de política, o Conselho do BCE fez progressos substanciais na retirada do ajustamento da política monetária. O Conselho do BCE tomou a decisão de hoje, e espera aumentar ainda mais as taxas de juro, para assegurar o regresso atempado da inflação ao seu objectivo de 2% de inflação a médio prazo. O Conselho do BCE baseará a trajetória futura das taxas de política nas perspectivas de evolução da inflação e da economia, seguindo a sua abordagem de reunião por reunião”, diz o banco central em comunicado.
A taxa de juro das principais operações de refinanciamento passou de 1,25% para 2,00%, a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez de 1,50% para 2.25% e a taxa aplicada à facilidade permanente de depósito de 0,75% para 1.50%. Esta subida tem efeitos a partir de 2 de novembro.
Sobre a inflação, o organismo diz que continua muito elevada, afirmando que continuará acima do objetivo durante algum tempo. “Em setembro, a inflação na zona euro atingiu os 9,9%. Nos últimos meses, o aumento dos preços da energia e dos alimentos, os constrangimentos na oferta e a recuperação pós-pandémica da procura levaram a um aumento das pressões sobre os preços e a um aumento da inflação. A política monetária do Conselho do BCE visa reduzir o apoio à procura e precaver-se contra o risco de uma persistente alteração em alta das expectativas de inflação.”
Sébastien Galy, Senior Macro Strategist no Nordea Asset Management já esperava este aumento, mas referiu que “a questão está agora mais centrada numa taxa terminal, e se o BCE consegue evitar uma recessão grave em pleno choque inflacionário. O BCE aguentou na esperança que as cadeias de abastecimento melhorassem rapidamente. A realidade é que os custos caíram, mas continuam a existir importantes bottlenecks no transporte de mercadorias”.
O estratega referiu a batalha da comunicação que o banco central enfrenta: “Isto significa grandes aumentos de taxas que impressionem as famílias – sendo que, na realidade, não é claro quão elevadas as taxas de juro devem ser. As expectativas de subida das taxas do BCE continuam a aumentar e isto deve continuar a apoiar o euro.”
“Do ponto de vista da comunicação, é importante para o BCE assinalar que, após um ciclo de aperto, haverá uma longa pausa para avaliar o impacto da política, como a Fed está a fazer. Este será um sinal importante para as empresas e para os titulares de hipotecas de que não haverá nenhum aperto brusco à nossa frente”, concluiu.
Já Ricardo Evangelista, Diretor Executivo da ActivTrades Europe S.A, tinha dito que, confirmando-se a subida de 75 pontos-base, a medida irá por um lado ajudar a baixar a inflação, através da diminuição da atividade económica, mas por outro os juros mais altos levam a menos investimento, consumo e tendem também a fazer subir o desemprego.
No que toca às empresas, esta subida das taxas de juro afeta diretamente os créditos, tornando-os mais caros, e provocando uma redução no investimento. Por outro lado, reduz-se a confiança dos consumidores, levando a uma queda na procura de produtos e serviços.
Para o futuro, Ricardo Evangelista acredita que esta postura firme do BCE no combate à inflação pode prolongar-se nas próximas reuniões. “A expectativa é de que o BCE faça subir a sua taxa de referência para os 3% até ao fim de fevereiro. Depois da esperada subida desta quinta-feira, ela ficará nos 1.5%, o que deixa antever mais subidas em dezembro, janeiro e fevereiro”.