E agora Portugal? “É urgente priorizar a educação em todas as suas vertentes”: Vasco Portugal CEO & Co-founder da Sensei

Na sua opinião, quais deviam ser as prioridades do novo Governo em termos de reformas para que Portugal tenha um crescimento sustentável para o futuro?
No contexto social, é urgente priorizar a educação em todas as suas vertentes, incluindo a literacia tecnológica, financeira e ambiental. É urgente investir numa reforma do sistema de ensino, reforçando a oferta educativa. Não menos urgente, é importante proteger o direito à habitação, bem como criar uma estrutura escalável do SNS que cumpra a sua missão e não deixe ninguém de fora. No contexto das empresas, é necessária uma reflexão sobre o impacto das medidas económicas no tecido empresarial. Portugal é maioritariamente constituído por PME, pelo que a prioridade deve ser repensar o peso da carga fiscal no seu crescimento económico, promovendo o investimento em inovação. Temos bons
exemplos de grandes empresas e unicórnios em Portugal que provam que empresas recentes podem rapidamente ter
um peso importante na geração de riqueza, postos de trabalho e valor. Só aumentando os incentivos conseguiremos crescer colectivamente de uma forma sustentável e ser competitivos no panorama internacional.

Atendendo ao actual contexto, que expectativas a nível macroeconómico para Portugal?
Se há certeza neste momento é que os próximos tempos serão de incerteza. Vimos de um período de juros elevados, aumento geral do custo de vida e perda associada do poder de compra, largamente precipitado por tensões geopolíticas com repercussões mundiais. As principais previsões indicam que Portugal vai crescer menos em 2024, embora com um crescimento superior ao da Zona Euro. Sabemos que a inflação se manterá elevada, mas é expectável que continue a abrandar. Por isso, diria que o cenário macroeconómico dá sinais de recuperação, ainda que de forma contida.

E quais são as expectativas para o seu sector?
No sector de tecnologia e inovação, especialmente no que diz respeito às lojas autónomas suportadas por inteligência artificial, as expectativas são bastante promissoras. À medida que avançamos para uma era cada vez mais automatizada, onde a simplicidade e a conveniência são prioridades para os consumidores, as lojas autónomas estão destinadas a desempenhar um papel central no retalho, enquanto facilitadoras de uma melhor experiência de compra. Mas não só para os consumidores: este tipo de lojas também aumenta a eficiência operacional dos retalhistas, automatizando a gestão de inventário, por exemplo. Uma automatização que, porém, não deve ser encarada como uma
ameaça aos empregos – antes como uma oportunidade de requalificação da força de trabalho dentro da própria loja, numa lógica de complementaridade (não de exclusão mútua!) entre tecnologia e envolvimento humano.