‘Doença X’ ainda não existe, mas teóricos da conspiração já estão a lucrar com desinformação. “Kits de emergência” vendidos por 300 euros

A Organização Mundial da Saúde (OMS) designou como ‘Doença X’ a hipotética e possível pandemia futura que está agora no centro de um verdadeiro ‘tornado’ de desinformação e ‘fake news’, que teóricos da conspiração (maioritariamente norte-americanos) estão a amplificar – e a aproveitar para lucrar com isso.

Segundo indicam especialistas em verificação de factos à AFP, as falsidades incluem que o suposto agente patogénico desconhecido é uma conspiração de elites para despovoar a Terra. Estas notícias falsas e teorias terão tido origem nos EUA, mas depressa se espalharam por todo o mundo, com grande disseminação também na Ásia, revelam os dados.

Os especialistas alertam para os riscos, perante a redução da moderação de conteúdo nos sites de redes sociais, que pode estar a alimentar hesitação vacinal e comprometer a preparação para emergências de saúde pública, como a da Covid-19.

“Os traficantes de desinformação estão tentando explorar esta teoria da conspiração para vender produtos”, diz Timothy Caulfield, da Universidade de Alberta, no Canadá, indicando que influenciadores de direita e extrema-direita nos EUA estão até a vender kits médicos que afirmam ter um “tratamento” não comprovado para a Covid-19 e para a Doença X (que ainda nem existe).

É o caso de Peter McCullough, cardiologista que espalha desinformação sobre a Covid-29, e que no site da empresa The Wellness Company afirma que a Doença X foi projetada num biolaboratório, e vende por cerca de 300 euros o tal “kit de emergência médica”, para que as pessoas estejam “preparadas contra a Doença X”, e que contém vários medicamentos como a ivermectina (tratamento não-comprovado para a Covid-19)

“Este é frequentemente o seu principal modo de rendimento. O conflito é profundo. Sem o medo, sem provas, sobre vacinas e conspirações governamentais, teriam pouco ou nenhum rendimento”, assinala Caulfield.

“A desinformação também pode levar alguns segmentos da população a tomar medidas ineficazes ou mesmo prejudiciais durante uma epidemia”, destaca por seu lado Chunhuei Chi, professor de saúde global na Universidade Estadual de Oregon.

O especialista adianta que isso pode tornar-se “uma grande barreira para uma sociedade ser proativa na preparação e prevenção de uma doença contagiosa emergente”.

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