Do Príncipe André a Bill Clinton: Tudo o que já se sabe sobre a lista de nomes ligados a Jeffrey Epstein que vai ser divulgada esta semana
Estará para breve, ao que tudo indica para o final desta semana, a revelação de uma lista de nomes ligados a Jeffrey Epstein, falecido em 2019 na prisão, onde estava aguardar julgamento por crimes de abuso sexual de menores e tráfico sexual. A lista promete dar novo fôlego ao caso e fazer correr muita tinta, já que deverá incluir nomes conhecidos em todo o mundo entre os associados de Epstein, das suas vítimas e de testemunhas dos crimes.
A juíza Loretta A. Preska decediu pela divulgação dos documentos, depois de um pedido apresentado por Virginia Roberts Giuffre, uma mulher americana que alegou que Epstein terá abusado sexualmente dela quando ainda era menor, e que Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein e cúmplice de longa data, terá ajudado no abuso.
Quantos nomes constam nos documentos?
Nos documentos judiciais estarão, segundo o New York Times, 150 nomes de pessoas ligadas a Epstein: incluem-se possíveis cúmplices mas também pessoas que apenas trabalhavam de perto com o empresário.
Qual a origem dos nomes?
Os nomes aparecem em documentos judiciais que respeitam ao caso de difamação que Giuffre apresentou contra Maxwell, que acabou condenada a 20 anos de prisão por crimes de tráfico de seres humanos para fins de exploração sexual.
O caso de difamação acabou fechado em 2017 com acordo, mas o juiz considerou que Giuffre foi “vítima de abuso quando era menor, de forma recorrente, entre 1999 e 2002”.
Mesmo com o ‘dossier’ Epstein encerrado, os documentos continuama motivar grande curiosidade, com vários meios de comunicação social a pedir acesso `s informações, pelo que a juíza do Tribunal Distrital dos EUA que supervisionava o caso, Loretta Preska, decidiu que alguns dos nomes também poderiam ser revelados.
Sem objeções apresentadas dentro do prazo, poderá acontecer já esta semana.
Como foi decidido que nomes revelar?
A juíza sustentou que muitos dos nomes á tinham sido revelados em depoimentos de vítimas, testemunhas, e testemunhos prestados em tribunal, para além de reportagens e notícias nos órgãos de comunicação social.
Apesar da revelação de alguns, outros permaneceram selados, porque os indivíduos em causa eram menores de idade quando ocorreram os abusos e não falaram publicamente sobre o vaso.
“O interesse público não supera os interesses de privacidade da suposta vítima menor”, resumiu a magistrada.
No entanto, relata a ABC News, permanecem dúvidas sobre potenciais reações à divulgação de alguns nomes, já que os documentos “podem não deixar claro por que um determinado indivíduo foi associado ao processo de Giuffre”
Que nomes estão incluídos? Quais os mais conhecidos do público?
O Príncipe André do Reino Unido deverá ser um dos com mais referências nos documentos. Foi acusado por Giuffre de a ter forçado a relações sexuais há 20 anos, quando a jovem tinha 17 anos. O príncipe sempre negou as alegações, mas o caso acabou resolvido por acordo em 2022.
O levantamento dos selos judiciais não deverão, no entanto, revelaro o nome verdadeiro de ‘Jane Doe 162’, que foi uma testemunha.chave ao relatar que esteve com “o príncipe André, Maxwell e Giuffre, então com 17 anos, na mansão de Epstein em Nova York”.
Outro nome que deverá aparecer citado nos documentos será o do antigo presidente dos EUA Bill Clinton. Apesar de não ter sido acusado de qualquer delito por Virginia Giuffre, esta afirmou ter conhecido Clinton na ilha particular que Epstein tinha nas Caraíbas.
Já logo em 2019, o porta-voz de Bill Cliton afirmou que, entre 2002 e 2003 este tinha feito “um total de quatro viagens no avião de Jeffrey Epstein: uma para a Europa, uma para a Ásia e duas para África, que incluíram paragens relacionadas com o trabalho da Fundação Clinton”, e recusou proximidade com Epstein.
A ABC News acrescenta que o nome Clinton aparece mais de 50 vezes nos documentos judiciais, ainda que muitas das referências estejam relacionadas com esforços para que fosse intimado a depôs em tribunal sobre o seu relacionamento com Epstein.
Qual a importância da divulgação dos documentos?
A analista jurídica Rikki Klieman, considerou, em declarações À CBS que é “altamente significativo que os documentos sejam abertos para que a história completa de Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell possa ser tornada pública”.
A especialista considera que é importante que o público saiba “que se tem interesse em manter as mulheres, meninas e crianças protegidas dos predadores sexuais”.
Giuffre considerou que a decisão da juíza Preska foi “honrosa”, agradecendo a ‘luz verde’ ao seu pedido na garantia da transparência do sistema judicial norte-americano.
O caso
Epstein foi indiciado em 2019 por acusações federais de que era responsável pela operação de uma rede de tráfico sexual no qual terá alegadamente abusado sexualmente de dezenas de menores de idade. O multimilionário suicidou-se na prisão enquanto aguardava julgamento. As autoridades judiciais de Nova Iorque indiciaram Maxwell por acusações de tráfico sexual com várias vítimas e foi condenada em 2021.
Embora o processo por difamação movido por Giuffre ter sido resolvido em 2017 e colocado sob uma ordem de proteção, partes dele foram abertas desde então, enquanto provocava um debate sobre se deveria ser aberto ao público.
Recorde-se que o príncipe André chegou a acordo num processo interposto por Giuffre, que o acusou de a ter violado quando era uma adolescente e era vítima de Jeffrey Epstein, um criminoso sexual registado e amigo do príncipe André.
O ‘The New York Times’ avançou que o valor que o filho da rainha Isabel II vai pagar a Giuffre é confidencial, conforme indicou uma declaração das duas partes, que revelou ainda que André também “pretende fazer uma doação substancial” a uma organização de caridade “que apoia os direitos das vítimas”.
O acordo estabelecido entre o príncipe e Virginia Giuffre aconteceu poucas semanas antes de André prestar um depoimento sobre juramento, e no qual teria de responder às perguntas dos advogados da sua alegada vítima.
Um dia antes de Epstein morre na prisão, em agosto de 2019, o Tribunal de Apelações do Segundo Circuito dos Estados Unidos, abriu centenas de páginas de documentos, decidindo que o juiz do tribunal distrital selou indevidamente centenas de documentos.
O tribunal de apelações devolveu então o caso ao tribunal distrital para examinar os documentos individualmente e determinar o que poderia ser aberto. A juíza Preska, desde então, assumiu o caso e decidiu pela abertura de mais documentos em julho de 2020, incluindo o depoimento de Maxwell em 2016 e relacionado ao processo.