Do controlo do número de pessoas nos espaços aos WC para uso exclusivo de trabalhadores: as reivindicações dos lojistas dos centros comerciais

O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP) pede que seja assegurado o controlo do número de pessoas dentro das lojas dos centros comerciais e volta a trazer à discussão a falta de casas-de-banho para uso exclusivo dos trabalhadores.

«As reaberturas dos centros comerciais devem ser feitas com o máximo de cuidado e segurança para quem lá vai, mas principalmente para os que lá trabalham», diz a dirigente sindical do CESP à Executive Digest.

Filipa Costa receia que venham a existir aglomerados de pessoas. Os centros comerciais «são sítios que acabam por juntar muitas pessoas» ao mesmo tempo. «Há uma grande preocupação em garantir o controlo das entradas nos centros, ao longo dos espaços e dentro das próprias lojas», sublinha, apontando para a falta de controlo na grande distribuição. «Há um controlo nas entradas, mas depois não existe lá dentro e muitas vezes acabamos por ver um trabalhador numa secção e dez, quinze clientes à volta dele».

A pandemia reacendeu também uma revindicação antiga dos lojistas. «Mesmo que a reabertura seja daqui a quinze dias, os trabalhadores não têm áreas sociais, nem casas-de-banho. Um trabalhador de um centro comercial vê-se obrigado a usar as casas-de-banho utilizadas por todos os clientes». «É uma reivindicação dos trabalhadores deste sector há já algum tempo. Numa situação normal já não deveria acontecer. Agora então, ainda menos», defende.

Filipa Costa admite que, para já, «ainda não houve um contacto directo» entre o CESP e a Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC), mas diz que a questão das casas-de-banho, por exemplo, «não é uma matéria nova», mas que acaba por «passar despercebida» aos clientes. Por outro lado, «quando [a APCC] diz que a segurança está salvaguardada, é na perspectiva dos clientes, que são o foco principal. Mas para manter a segurança dos clientes é preciso que os trabalhadores também a tenham», considera.

A dirigente do CESP denuncia também alguns atropelos legais que têm sido cometidos, feitos sob pretexto da pandemia. «Há vários trabalhadores com contratos a prazo que acabaram por ser dispensados. Houve, inclusive, uma situação com a Giovanni Galli, da empresa Vasconcelos & Gonçalves, em que conseguimos reverter três despedimentos ilegais e manter os postos de trabalho de três trabalhadoras que já eram efectivas», relata.

A porta-voz do CESP acrescenta ainda que muitos trabalhadores dos centros comerciais foram colocados em regime de lay-off e tiveram uma quebra muito significativa de rendimentos, até porque «estamos a falar de um sector em que boa parte recebe salário mínimo nacional, mas que vê o seu salário acrescido com os prémios e comissões».

Questionada sobre a reabertura dos centros, agendada para 15 de Junho, Filipa Costa não descarta a possibilidade de acções de protesto se as reivindicações do CESP não forem atendidas. «Estamos a olhar para a reabertura dos centros noutros pontos do país. Perante cada caso, o sindicato vai agir da melhor forma, que passa sempre primeiro por um contacto directo com as empresas e com o centro comercial. Depois disso, se o caso for demasiado grave, teremos de tomar medidas diferentes.»

O Governo, recorde-se, voltou a adiar a reabertura dos centros comerciais na região da Grande Lisboa. Ainda assim, o primeiro-ministro, António Costa, disse que as restrições deverão ser levantadas a partir de 15 de Junho.

Esta decisão foi recebida com «grande desagrado e preocupação» pelos centros comerciais. A APCC avisa que «o impacto que o prolongamento das limitações ao funcionamento dos Centros da Área Metropolitana de Lisboa tem para todos os intervenientes nesta cadeia de valor, aumentando a probabilidade de se verificarem grandes prejuízos, e mesmo falências, para as empresas».

Portugal regista, pelo menos, 1.465 vítimas mortais associadas ao novo coronavírus e 33.969 casos confirmados de infecção, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde. Na região de Lisboa e Vale do Tejo (12.473), onde se tem registado maior número de surtos, há mais 336 casos de infecção, o que representa uma subida 2,8% face a ontem.

O país esteve em estado de emergência entre 19 de Março e 2 de Maio, seguindo-se o estado de calamidade e o levantamento gradual, de 15 em 15 dias, das medidas de confinamento.

Desconfinamento: Restrições em Lisboa vão manter-se (pelo menos) até 15 de Junho

Ler Mais





Comentários
Loading...