Direita espanhola acusa Sánchez de ter resolvido problema a Maduro

A oposição de direita em Espanha acusou hoje o governo do socialista Pedro Sánchez de ter resolvido um problema ao líder da Venezuela, Nicolás Maduro, ao retirar de Caracas Edmundo González sem o reconhecer como Presidente eleito do país.

Em resposta às críticas, o Governo espanhol, por seu turno, já garantiu por diversas vezes que não negociou a saída de González Urrutia da Venezuela com o governo de Caracas, que atendeu a um pedido do próprio para viver no exílio em Espanha e que continua a não reconhecer a alegada vitória de Maduro nas eleições de julho.

Edmundo González Urrutia, o candidato da oposição nas eleições venezuelanas de julho que vários países já reconheceram como o vencedor da votação, ao contrário do que anunciaram as autoridades do país, chegou no domingo a Madrid, num avião da Força Aérea de Espanha que o foi buscar a Caracas.

González Urrutia, alvo de mandados de detenção e acusações judiciais na Venezuela desde a celebração das eleições, por contestar os resultados oficiais, esteve em paradeiro desconhecido após a votação.

Soube-se agora que esteve durante semanas na embaixada dos Países Baixos em Caracas e que na quinta-feira passada se mudou para a residência oficial do embaixador espanhol na cidade, de onde saiu no domingo para voar para Madrid, onde viverá no exílio.

O líder do Partido Popular espanhol (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo, considerou hoje que quem ganha com a saída de González Urrutia de Caracas é Nicolás Maduro porque “o político democrata que ganhou as eleições teve de sair do país e o ditador que as perdeu mantém-se e controla o Governo”.

Feijóo – que já por diversas vezes acusou Sánchez de pactuar com o regime da Venezuela – acrescentou que se fosse primeiro-ministro não recusaria o pedido de asilo a González Urrutia, mas dar-lhe-ia o estatuto de presidente eleito e somar-se-ia ao Tribunal Penal Internacional no pedido de detenção de Maduro.

Também o Vox (extrema-direita) considerou hoje que o Governo espanhol concedeu asilo a González Urrutia “não por humanidade, mas para beneficiar Maduro”.

Na resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Manuel Albares, assegurou que o Governo de Madrid não aceitou “qualquer exigência nem houve qualquer negociação” com o regime venezuelano.

“Com Edmundo em Caracas ou em Madrid não vamos reconhecer a suposta vitória” de Maduro nas eleições, acrescentou Albares, que garantiu só ter havido contactos entre os dois governos relativos à logística da operação de retirada de González Urrutia da Venezuela, nomeadamente, a autorização para um avião militar espanhol sobrevoar o país e aterrar em Caracas, assim como a garantia de segurança na deslocação entre a residência do embaixador e o aeroporto.

“Não houve qualquer tipo de negociação política entre o Governo de Espanha e o Governo da Venezuela. Ou seja, não houve nenhuma contrapartida para Edmundo González poder sair”, afirmou o ministro, que revelou ter falado diretamente com o candidato da oposição e lhe ter dito que poderia ficar na residência do embaixador espanhol em Caracas indefinidamente, se fosse esse o seu desejo.

A ministra da Educação e porta-voz do governo, Pilar Alegria, realçou por seu turno que Espanha tem a mesma posição que a União Europeia sobre as eleições na Venezuela e que só reconhecerá um resultado e um Presidente quando forem publicadas as atas com as votações de todas as assembleias.

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