Devemos “virar as mesas” do Kremlin. Chega de linhas vermelhas” da NATO na Ucrânia, pede aliado de Macron

Um porta-voz do Partido Renascimento, do presidente francês Emmanuel Macron, alerta, esta quinta-feira, para os países da NATO pararem de “negociar” entre si a extensão do compromisso aliado para com a Ucrânia.

Com as tropas russas na ofensiva na linha da frente, Benjamin Haddad – um membro do Parlamento que representa o partido de Macron e considerado uma voz de liderança nas relações externas francesas – defende que o bloco ocidental deve procurar “virar as mesas” no Kremlin.

“Devíamos parar de negociar connosco próprios e de impor linhas vermelhas e limites a nós próprios”, refere Haddad, em entrevista à margem da Conferência Lennart Meri em Tallinn, Estónia. “Temos um adversário – a Rússia – que não impôs tais limites ao seu comportamento ou retórica.”

“Perdemos muito tempo com os tipos de munição ou armamento que enviamos”, indica Haddad. “Imagine se no início da guerra, ou durante a contraofensiva, tivéssemos dado à Ucrânia tudo o que precisava em termos de mísseis de longo alcance, tanques, aviões; que diferença isso poderia ter feito no terreno.”

“Precisamos de virar a mesa contra Putin e não excluir nada, e dizer-lhe que o tempo não está a jogar a seu favor. Que estamos prontos não apenas a aumentar o nosso apoio, mas também para aumentar a natureza do nosso apoio”, aponta.

França tem sido um dos aliados de Kiev mais interessado em apontar a “ambiguidade estratégica” da NATO no seu envolvimento na Ucrânia – recorde-se que Emmanuel Macron já salientou que seria “errado descartar” qualquer ação. “Passamos muito tempo preocupados com a escalada, quando a Rússia é o país que está a escalar”, sublinha Haddad, que explica a abordagem de Macron ao conflito na Ucrânia.

“Teria consequências diretas para a segurança do futuro da UE se a Rússia vencesse”, refere. “Precisamos de pensar criativamente sobre a natureza com que fazemos as coisas.” Incluindo a utilização do guarda-chuva de defesa aérea da NATO para proteger áreas do oeste da Ucrânia contra mísseis e drones russos, uma proposta que Haddad garante ser “certamente algo que vale a pena discutir”.

A realocação das operações de manutenção de armas ocidentais dentro da Ucrânia também aliviaria um pouco a extensa cadeia logística de Kiev. “Se pudéssemos localizar todo o processo, desde o treino até a manutenção, na Ucrânia, seria um enorme ganho em termos de tempo e recursos”, aponta, sublinhando que o ímpeto está “claramente” a crescer para compromissos mais profundos da NATO dentro da Ucrânia. “Acho que há impulso, mas acho que ainda há resistência a ser superada. É importante ter decisões coordenadas, mas claramente vimos uma conversa a começar na região.”

“O desafio para nós, para além do curto prazo, é como podemos ajudar a Ucrânia a defender-se a longo prazo e, ao mesmo tempo, defender-nos e aumentar a nossa própria ambição a nível europeu”, conclui Haddad.

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