“Devemos partilhar objetivos porque só assim poderemos fazer a diferença”, sublinha CFO da JLL Itália

Manuel Ahrens Teixeira é licenciado em gestão na Universidade Católica Portuguesa, fez mais tarde um mestrado em Finance e Business controllership no ISCTE. Em 2002 começou a trabalhar na Deloitte onde esteve quase cinco anos ligado a projectos diversos de auditoria, due diligence, M&A. Depois passou pela Metalgest, uma holding familiar com investimentos em áreas diversas como vinhos, hotéis e tabaco, com o cargo de Finance Business Partner.

No início de 2010, através da Explorer Investments, assumiu o cargo de CFO na Solzaima, líder portuguesa no fabrico de equipamentos e soluções de aquecimento a biomassa. Mudou-se para Águeda, cidade onde teve a primeira experiência fora de Lisboa e onde os filhos cresceram. No final de 2015 regressa a Lisboa como CFO para a JLL Portugal, onde fez parte de uma equipa que contribuiu para o crescimento e reconhecimento da JLL como referência no imobiliário em Portugal. Em Janeiro de 2020 foi convidado para CFO da JLL Itália lugar que ocupa actualmente. Casado e com três filhos é um apaixonado por desporto. Treina regularmente durante a semana e faz várias provas de bicicleta e triatlo. 

O gestor tem projectos geridos em Itália e outros de âmbito europeu. Por esta razão, parte dos seus dias são passados em reuniões para ponto de situação, feedback e definição de próximos passos com as equipas locais e europeias

Como surgiu o desafio de trabalhar para a JLL em Itália?
Acredito que surgiu de uma forma natural pelo contributo que dei à JLL Portugal. Na altura assumia a responsabilidade de todas as funções corporate em Portugal e no momento em que a posição em Itália ficou em aberto a CFO EMEA fez-me este convite lançando o desafio de mudar, para assumir estas funções em Itália.

Aceitou de imediato? Porquê?
Aceitei quase de imediato, precisei apenas de uma conversa com a minha mulher sobre os desafios desta mudança. Percebemos que aquilo que ganharíamos como família, experiência, crescimento e desenvolvimento dos nossos filhos num ambiente internacional, de uma dimensão completamente diferente do que é Portugal e fora da nossa zona de conforto, compensaria seguramente quaisquer dificuldades de adaptação. Mesmo tendo em conta que estávamos em pleno Covid. Profissionalmente, tendo em conta o trabalho que tinha desenvolvido em Portugal e o reconhecimento por parte da JLL com este convite, só poderia aceitar.

Quais as suas principais funções?
Além de assumir todas as áreas financeiras: planeamento, reporting, administrativa, tax, sou o responsável pelo Operations comitte em Itália onde participam todas as áreas corporate. Tal como era em Portugal, sou também membro do Board onde são naturalmente tomadas todas as decisões estratégicas para o negócio em Itália.

O que mais a fascina na indústria em que trabalha?
É uma indústria de referência na economia mundial com um impacto enorme em vários sectores e naturalmente nas nossas vidas. Lidamos com parceiros diversos na área de construção, gestão de projectos, promoção, todo o tipo de consultoria ou serviços relacionados com imobiliário. É uma indústria que passa por uma fase de transformação digital que exige muita criatividade e adaptação. Por fim, sinto que temos uma responsabilidade acrescida em termos de sustentabilidade ambiental onde há ainda muito por fazer.

É em Itália que passa grande parte do tempo de trabalho? Como é o seu dia-a-dia?
Sim, passo o meu tempo quase sempre em Milão. Os meus clientes são as nossas pessoas, por isso nas minhas funções é normal que assim seja. Faço algumas viagens a Roma onde temos o nosso segundo escritório e a outros países europeus por reuniões de trabalho com colegas nas áreas de Finance.
No meu dia a dia, dedico grande parte do meu tempo à gestão, coordenação e motivação das nossas pessoas, individualmente e como equipa, ao acompanhamento dos projectos que tenhamos definido e onde devo envolver-me, e ao acompanhamento de negócio com as equipas comerciais. Temos projectos geridos em Itália e outros de âmbito europeu. Por esta razão, parte dos meus dias são passados em reuniões para ponto de situação, feedback e definição de próximos passos com as equipas locais e europeias.
Fundamental para mim e procuro garantir, é dedicar parte do dia para trabalho e organização pessoal para procurar ser o mais eficiente possível no feedback que tenho que dar às nossas equipas.

Quais as principais diferenças ao nível da metodologia de trabalho que encontrou ao mudar-se para a Itália?
Em termos de organização e método de trabalho é muito semelhante porque trabalho numa multinacional com sistemas e orientações que se aplicam a todos os países e com uma forma de operar muito consistente.
A maior diferença que senti na mudança, é como as pessoas comunicam, a abordagem aos problemas e tomada de decisão, a forma de trabalho em equipa. Apesar de sermos países muito próximos, culturalmente e num ambiente organizacional senti várias diferenças. Aqui sinto uma maior formalidade, principalmente em reuniões externas e menos rapidez na tomada de decisão em relação ao que vivi em Portugal.

O que é que a Itália lhe tem vindo a ensinar sobre Gestão de Pessoas?
Belíssima pergunta! Em termos profissionais, ao longo do meu percurso tenho vivido experiências em ambientes de trabalho completamente diversos como auditoria em multinacional, negócios familiares, ambiente de fábrica ou serviços profissionais especializados com pessoas de formação diversa. Cedo aprendi que as pessoas valorizam alguém que crie naturalmente um ambiente de equipa ou de gestão em que as pessoas sintam autenticidade, team player, reconhecimento, bem-estar pessoal e valorização profissional. Sempre procurei adaptar-me à realidade local e às pessoas com quem trabalhei, procurando seguir estes princípios. Com esta experiência em Itália aprendi que apesar de esta ser uma fórmula de sucesso não podemos assumir que resultará sempre e temos sempre que estar preparados para tomadas de decisão mais difíceis.
Em termos pessoais tem sido uma experiência única e enriquecedora. Milao é uma cidade pequena, mas fantástica, onde vivemos uma experiência única como família. E Itália é um pais lindo que temos tido oportunidade de ir conhecendo cada vez melhor.

Qual a sua filosofia de Gestão?
Repito o que disse antes. Procuro gerir com princípios de autenticidade, equipa, reconhecimento, valorização pessoal. Procuro sempre dar a maior visibilidade possível às nossas equipas ou pessoas com quem trabalho, pois acredito que isto torna-as mais ambiciosas, eficientes e criativas. Acredito que devemos partilhar objectivos porque só assim poderemos fazer a diferença, só assim conseguiremos atingir qualquer coisa como equipa. E acima de tudo procurar que todas as nossas pessoas sintam um bem-estar pessoal e profissional no seu dia a dia, que gostem e tenham vontade em vir trabalhar.

Estando a viver tão longe de Portugal, como é que “mata saudades” do nosso País?
Temos muitas saudades de tantas pessoas e tantas coisas, não é fácil! Felizmente temos várias visitas e as redes sociais permitem ir acompanhando tudo o que se passa com família e amigos. Durante o dia leio jornais e notícias de Portugal, em casa temos essencialmente cozinha portuguesa a juntar à pasta italiana. E regressamos a Portugal sempre que podemos, normalmente nos períodos de férias como Julho/ Agosto, Natal e fim de ano. 

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