Despesa pública quase bateu nos 100 mil milhões de euros em 2020 “a reboque” dos apoios sociais
Em 2020, a despesa pública atingiu os 98,1 mil milhões de euros, representando 48,4 % do PIB, mais 5,9 pontos percentuais do que em 2019 e aumentando 7,8% face ao ano anterior, estando 5,7 pontos percentuais inferior ao valor para o conjunto da Área do Euro, revela hoje o Instituto Nacional de Estatística.
Com este crescimento, interrompeu-se a redução do peso da despesa pública no PIB, iniciada em 2018 e que em 2019 tinha aproximado este peso do nível em 1999 (42,6%), ano de introdução do euro. Nos 20 anos que se seguiram, o peso da despesa pública no PIB situou-se em média em 46,5%, como explica o INE.
Para o INE “em consequência das medidas de política económica tomadas em 2020 para minorar o impacto da pandemia, as despesas com subsídios, transferências correntes e de capital aumentaram 4,7 mil milhões de euros face ao ano anterior representando uma variação de 58,9%”.
Do ponto de vista da classificação económica da despesa pública, as duas maiores componentes são prestações sociais e as remunerações pagas (em 2020, representavam 19,8% e 11,7 % do PIB, respetivamente).
As prestações sociais cresceram 4,7% ao ano, em termos médios, entre 1999 e 2020, sendo de salientar que as pensões, que em 2020 representaram quase três quartos da despesa com prestações sociais, cresceram a um ritmo médio anual superior (5,8%). Refira-se que, no mesmo período, o crescimento médio anual nominal do PIB foi apenas de 2,5%.
De referir ainda que o investimento subiu 16,3%, mais 633 milhões de euros, relativamente a 2019, e os rendimentos de propriedade (que correspondem sobretudo a juros pagos) diminuíram 546 milhões de euros (-8,6%).
Com exceção de um breve período entre 2010 e 2014, o peso da despesa pública dos países que adotaram o Euro no respetivo PIB foi sempre superior ao valor desse indicador para Portugal.