Desinfetantes contêm químicos perigosos que conduzem a riscos de saúde. “Água e sabão são mais seguros”, apontam especialistas
Os desinfetantes expõem os utilizadores a níveis alarmantes de um grupo químico perigoso – composto de amónio quaternário, também conhecidos como QACs, ou “quats”, revelou esta quinta-feira o jornal britânico ‘The Guardian’.
Os “quats” são componentes comuns que podem ser encontrados em toalhitas e sprays desinfetantes comuns, especialmente naqueles que afirmam matar “99,9% dos germes”. De acordo com um estudo científico, estes produtos químicos estão associados a sérios problemas de saúde, contribuem para a resistência antimicrobiana, poluem o meio ambiente e, sobretudo, não são particularmente eficazes.
Os produtos químicos “podem não ser eficazes mas também podem ser prejudiciais”, explicou Courtney Carignan, coautora do artigo e toxicologista da Michigan State University.
“O mais surpreendente foi a falta de dados sobre os riscos à saúde na maioria doss QACs e os poucos que foram estudados apresentam sinais de alerta”, acrescentou Carignan.
O documento – desenvolvido por um grupo de cientistas, agências governamentais e organizações não governamentais – destacou os riscos dos ‘quats’ e pediu aos reguladores que eliminem os produtos químicos para usos não essenciais.
Os QACs são uma classe de centenas de produtos químicos também usados em tintas, pesticidas, desinfetantes para as mãos, produtos de higiene pessoal, entre outros. Entre alguns dos problemas de saúde, estudos recentes têm apontado a problemas como infertilidade, defeitos congénitos, distúrbios metabólicos, asma ou problemas de pele.
O estudo questionou a a eficácia dos ‘quats’: a desinfeção tem apenas um pequeno benefício em relação à água e sabão puro quando se trata de matar germes e nenhum deles é considerado necessário para impedir a transmissão da Covid-19 – sabão e água são mais seguros para fins de limpeza geral, acrescentou a especialista.