Designer francês Louboutin quer salvar a costa alentejana do turismo de luxo em massa
Melides, uma pequena localidade costeira a 90 minutos de Lisboa, tem-se transformado nos últimos anos num dos destinos mais cobiçados de Portugal. Desde que o designer francês Christian Louboutin comprou uma casa isolada na região, o que antes era um segredo bem guardado tornou-se um refúgio para celebridades e milionários. Contudo, o crescimento acelerado do turismo de luxo e dos empreendimentos imobiliários está a gerar tensões entre desenvolvimento económico e preservação ambiental.
“Os turistas vêm aqui pela beleza deste lugar. Então, precisamos simplesmente manter as coisas assim”, afirmou Christian Louboutin, que além de residente é proprietário de um pequeno hotel em Melides, em declarações à Bloomberg’.
Projetos de grande escala, como o CostaTerra — um resort de luxo do magnata imobiliário Mike Meldman — estão no centro das preocupações. Com 150 propriedades multimilionárias e um campo de golfe, o empreendimento afirma adotar práticas sustentáveis, como o uso de águas residuais e uma usina de dessalinização. Contudo, os níveis de água numa lagoa local já refletem a pressão crescente da urbanização e das alterações climáticas.
Ao mesmo tempo, outros projetos na vizinha Comporta, liderados por empresas como a Vanguard Properties, prometem investimentos superiores a mil milhões de euros. Porém, a expansão imobiliária levou os preços das casas a níveis incomportáveis para os residentes locais, agravando a desigualdade.
Apesar das críticas, o presidente da Câmara de Grândola, António Mendes, destaca o impacto positivo do turismo na criação de emprego e no aumento das receitas municipais. “Antes, as pessoas emigravam para trabalhar. Agora, têm empregos com salários acima da média”, argumentou, de acordo com a mesma fonte.
Organizações locais, como a Intertidal Melides, cofundada por Louboutin, defendem um turismo mais responsável, preservando os recursos naturais e a identidade da região. A Câmara Municipal também anunciou planos para limitar novos desenvolvimentos e reduzir a capacidade turística aprovada em 40%.
Louboutin acredita ser possível encontrar um equilíbrio: “As pessoas são tocadas pela autenticidade, e precisamos manter isso assim. Melides nunca será como St. Tropez. Isso não vai acontecer”.