Descida das taxas de juro nos EUA é início de um processo, diz presidente da Fed

A descida das taxas de juro hoje anunciada pela Reserva Federal norte-americana é o início de um processo, salientou o seu presidente, defendendo que uma política monetária adequada deverá conservar a solidez do mercado laboral nos EUA.

“Sabemos que é tempo de recalibrar a nossa política para que seja mais apropriada atendendo aos progressos efetuados na inflação e no emprego, passando a um nível mais suportável”, defendeu Jerome Powell durante uma conferência de imprensa, após o anúncio do corte das taxas em 0,5 pontos percentuais (ou 50 pontos base).

“A balança dos riscos está agora equilibrada e é o início deste processo”, acrescentou o presidente do banco central (Fed), salientando que a instituição avançará “tão rapidamente ou tão lentamente” quanto os seus responsáveis julgarem “apropriado em tempo real”.

Jerome Powell referiu-se ainda aos efeitos das decisões acerca da política monetária no mercado do emprego norte-americano.

Para o presidente da Fed, uma política monetária adequada ao momento vivido deve permitir conservar “a solidez do mercado do emprego” nos EUA.

A decisão hoje anunciada de cortar as taxas de juro “reflete a nossa confiança crescente no facto de que com uma recalibragem apropriada da nossa política, o vigor do mercado de trabalho pode ser mantido num contexto de crescimento moderado e de inflação em baixa duradoura na direção dos 2%”, avançou Jerome Powell.

Segundo o presidente da Fed, as considerações políticas não foram tidas em conta nas decisões do banco central.

“Perguntamo-nos: qual é a coisa certa a fazer para as pessoas a quem servimos? E foi isso que fizemos”, explicou.

“Não se trata nunca de outra coisa. Nada mais é debatido”, insistiu Jerome Powell.

A reunião de hoje é a última antes das eleições presidenciais norte-americanas, marcadas para 05 de novembro.

A Fed decidiu hoje cortar os juros em 50 pontos base, naquela que é a primeira descida desde 2020 “à luz do progresso na inflação e no equilíbrio dos riscos”, para 4,75% a 5%, como se lê no comunicado divulgado após a reunião de dois dias.

Este corte surge numa altura em que o Comité de Política Monetária da Fed (FOMC, na sigla em inglês) “ganhou mais confiança de que a inflação está a mover-se de forma sustentável em direção a 2% e avalia que os riscos para atingir as metas de emprego e inflação estão praticamente equilibrados”.

Os mercados já antecipavam um corte, ainda que sem certezas sobre a dimensão.

A Fed acabou por optar por um corte de maior dimensão, de 50 pontos base em vez de 25, numa decisão que foi quase unânime: votaram 11 contra um, a governadora Michelle Bowman, que preferia uma redução menor.

Este é o primeiro corte da Fed desde que iniciou este ciclo de política monetária, na sequência da pandemia de covid-19, no qual subiu juros pela primeira vez em março de 2022 e aumentou as taxas diretoras por mais dez vezes, até julho de 2023.

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