Depois do ananás na pizza: italianos revoltam-se em choque contra novo ‘crime alimentar’ da sua preciosa carbonara

A Heinz lançou o seu mais recente produto – esparguete à carbonara em lata, o que deixou Itália ‘à beira de um ataque de nervos’ e em choque com mais este ‘crime culinário’ – italianos de todo o mundo envolveram-se num novo caso de ‘penne-clutching’ por causa da última afronta que foi imposta à sua amada ‘bella cucina’.

Mas, finalmente aconteceu: puseram a carbonara numa lata.

A Heinz, fabricante americano famoso pelo seu ketchup, esparguete, sopas, feijões cozidos e salsichas, lançou o novo produto. O ‘Heinz spaghetti carbonara in a can’ vai chegar, de acordo com o site ‘Euronews’, chegar aos supermercados do Reino Unido este mês a um preço de duas libras (cerca de 2,37 euros).

De acordo com a empresa, trata-se de uma “massa num molho cremoso com pancetta” como a “solução perfeita para uma refeição rápida e satisfatória em casa”. Sem surpresas, a notícia de que um dos pratos nacionais mais venerados em Itália foi enlatado para ser consumido facilmente deixou em choque Itália.

Em declarações aos britânicos do ‘The Times’, Alessandro Pipero, chef de cozinha do restaurante ‘Pipero’, com estrela Michelin, em Roma, garantiu que a nova massa enlatada é tão abominável que equivale a “comida de gato”.

No entanto, o choque dos italianos com o que alguns consideram ser um ‘crime alimentar’ não é novidade: basta uma rápida passagem nas redes sociais para se encontrar uma série de italianos a reagir com horror abjeto sempre que veem ser rebaixada a carbonara.

A lista de pecados capitais da carbonara culinária é ilimitada para qualquer italiano de sangue verdadeiro, mas é possível reduzi-la a três clássicos: usar um produto de porco que não seja guanciale – bochecha apimentada proveniente de uma raça muito particular de porcos -, adicionar alho e, o mais assustador, adicionar natas.

Com o seu molho de pancetta e natas, a Heinz quebrou pelo menos duas destas regras. Acrescentaram uma transgressão totalmente nova ao enlatar a receita.

Qualquer cozinheiro italiano que se preze dirá que a carbonara tem apenas cinco ingredientes: massa (normalmente esparguete ou, em alternativa, bucatini), guanciale, queijo pecorino romano, gemas de ovo e pimenta preta.

No entanto, há quem critique o exagero: a carbonara não é uma receita sagrada gravada em tábuas de pedra há séculos e que há diferentes formas de ser feita – segundo Alberto Grandi, professor de história da alimentação, a carbonara tem menos de um século.

A explicação mais convincente para a origem deste prato é que um cozinheiro do exército italiano chamado Renato Gualandi amalgamou algumas outras receitas – nomeadamente a pasta gricia, que pode ser descrita como carbonara sem ovos – em 1944 para um grupo de soldados americanos, tirando partido do acesso dos americanos a ingredientes de alta qualidade e, mais importante, a gemas de ovo em pó.

Afinal, de quem é a carbonara?

A receita de carbonara mais antiga que existe nem sequer é de Itália. É de um livro de receitas de Chicago de 1952 que apresenta bacon em vez do consagrado guanciale.

No entanto, os italianos foram rápidos a defender o seu famoso prato, dizendo que o cacio e uova, uma massa napolitana feita com banha derretida, ovos crus batidos e queijo, documentada no livro de receitas napolitano de Ippolito Cavalcanti, de 1839, é o verdadeiro precursor da carbonara.

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