DECO: Preço do cabaz alimentar nunca foi tão elevado. Do carapau à alface, estes foram os produtos que mais aumentaram na última semana

A guerra na Ucrânia tem impulsionado uma subida constante nos preços dos alimentos, e apesar de as três semanas anteriores terem sido uma exceção à regra, nesta voltou a confirmar-se o aumento.

Uma análise da Deco Proteste aos valores praticados, revela que o preço do cabaz de bens alimentares essenciais “custa esta semana 207,33 euros, mais 1% face ao que custava há apenas uma semana (27 de julho), e o valor mais alto desde que começámos esta análise, a 23 de fevereiro, véspera da explosão do conflito armado na Ucrânia”.

“Até esta quarta-feira (3 de agosto), o preço do cabaz já aumentou 12,91%, ou seja, 23,70 euros. A contribuir para este aumento está, em grande parte, o preço do peixe, a categoria alimentar cujo preço mais aumentou nos últimos cinco meses”, sublinha a Deco.

Segundo o organismo, “entre 23 de fevereiro e 3 de agosto, o preço do peixe registou um incremento de 18,16% (mais 10,95 euros). Fazendo as contas a apenas um quilo (kg) de salmão, de pescada, de carapau, de peixe-espada-preto, de robalo, de dourada, de perca e de bacalhau, pode agora ter de gastar, em média, 71,26 euros. Antes do início da guerra pagaria 60,31 euros”.

A associação de defesa do consumidor tem monitorizado todas as semanas os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga.

Esta semana, no período compreendido entre 27 de julho e 3 de agosto, os dez produtos com maiores subidas de preço foram a polpa de tomate (15%), a alface frisada (12%), o iogurte líquido (11%), o carapau (11%), a costeleta de porco (10%), o peixe-espada-preto (10%), o pão de forma sem côdea (8%), a massa espirais (5%), o bacalhau (5%) e a cenoura (5%). 

“Analisando exclusivamente as categorias de produto com maiores subidas de preços, entre 23 de fevereiro e 3 de agosto, logo depois do peixe (mais 18,16%), a carne é a que mais se destaca, com um aumento de 16,95%. Os laticínios fecham o pódio, com um incremento de 10,31%, e só depois surgem a mercearia, as frutas e legumes e os congelados, com subidas de 8,66%, 7,06% e 5,70%, respetivamente”, aponta.

Já os dez produtos que mais viram o seu preço aumentar nos últimos cinco meses (entre 27 de julho e 3 de agosto) foram a pescada fresca (mais 49%), o salmão (mais 36%), o óleo alimentar 100% vegetal (mais 33%), o frango inteiro (mais 30%), a bolacha maria (mais 27%), a farinha para bolos (mais 26%), a costeleta de porco (mais 25%), a alface frisada (mais 23%), o bife de peru (mais 22%) e a dourada (mais 21 por cento).

A associação explica que este aumento se deve ao facto de Portugal estar “altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno”, que “representam atualmente apenas 3,5% da produção agrícola nacional: sobretudo milho (56%), trigo (19%) e arroz (16%).

“E se no início da década de 90 a autossuficiência em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, uma das percentagens mais baixas do mundo e que obriga o País a importar cerca de 80% dos cereais que consome”, acrescenta a Deco.

O organismo esclarece que “a invasão da Rússia à Ucrânia, de onde provém grande parte dos cereais consumidos na União Europeia, e em Portugal, veio, por isso, pressionar ainda mais um setor há meses a braços com as consequências de uma pandemia e de uma seca com forte impacto na produção e na criação de stocks”.

“A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor”, sublinha.

Para além disso, aponta “os consecutivos aumentos dos preços ao consumidor, nomeadamente em produtos como os combustíveis e a alimentação, estão a contribuir para um aumento da taxa de inflação”.

“De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de inflação acelerou para 8,7% em junho deste ano. Expressa em percentagem, a inflação traduz a subida média do nível de preços num determinado período”, conclui.

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