«Decepcionante» e «inexplicável». OMS reage à saída dos Estados Unidos

O britânico David Nabarro, médico especialista em saúde pública e representante da Organização Mundial da Saúde (OMS)  para os assuntos relacionados com a Covid-19, considera «decepcionante» e «inexplicável» o corte de relações dos Estados Unidos com a OMS.

«Enfrentamos hoje o maior desafio em matéria de doenças infecciosas que alguma vez conheci e precisamos mesmo que todas as nações trabalhem em conjunto, incluindo os Estados Unidos. (…) É como se estivéssemos a meio de um combate a um incêndio florestal e, de repente, 15% dos carros de bombeiros fossem retirados no momento em que mais precisamos deles», disse esta segunda-feira à “CNBC” Nabarro.

Donald Trump prometeu e cumpriu. Depois das ameaças, o Presidente norte-americano anunciou na sexta-feira a saída dos Estados Unidos da OMS. «Porque falharam na realização das necessárias e solicitadas reformas, vamos terminar a nossa relação com a Organização Mundial da Saúde e redireccionar esses fundos para outras necessidades globais urgentes de saúde pública que sejam merecedoras», disse o líder dos Estados Unidos.

Trump insiste na ideia de que a OMS é controlada pela China e acusa-a de encobrir o papel de Pequim na propagação da pandemia do novo coronavírus: «As autoridades chinesas ignoraram a sua obrigação de reportar informação à Organização Mundial da Saúde e pressionaram essa entidade a enganar o mundo quando o vírus foi inicialmente descoberto na China. (…) Foram levadas inúmeras vidas e foram criadas profundas dificuldades económicas por todo o mundo».

Os Estados Unidos eram a nação que mais contribuía monetariamente para a OMS, tendo disponibilizado entre 107 a 119 milhões de dólares ao longo dos últimos 10 anos. Em 2019, o país chegou a contribuir com uma extra de 400 milhões de dólares, o equivalente a 15% do orçamento anual da OMS.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias “France-Presse”, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 370 mil mortos e infectou mais de seis milhões de pessoas em 196 países e territórios.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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