De homicídio a tráfico de droga, passando por violação: recorde alguns dos casos mais chocantes protagonizados por claques de futebol

A Operação Pretoriana expôs o mundo violento associado às claques de futebol – que não só a dos três grandes – e, nos últimos anos, há vários casos criminais que acabaram nos tribunais: violações, tráfico de droga, agressões, e homicídios, segundo indicou a rádio ‘Renascença’.

A PSP deteve esta quarta-feira 12 pessoas, incluindo o líder dos SuperDragões, Fernando Madureira, a sua mulher, Sandra Madureira, vice-presidente da claque, e o oficial de ligação aos adeptos do FC Porto, Fernando Saul, no âmbito de um processo que investiga os incidentes ocorridos durante a AG. Em causa está a suspeita de crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, coação agravada, ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objeto ou de produtos líquidos e atentado à liberdade de informação.

Mas há casos que permanecem na memória dos adeptos.

Invasão de Alcochete

Um dos momentos de maior violência – e um dos casos mais mediáticos de justiça – do futebol português: na manhã de 15 de maio de 2018, um grupo de adeptos encapuzados invadiu a Academia de Alcochete e criou o caos: o avançado holandês Bas Dost foi um dos principais visados, tendo sido agredido na cabeça e nas pernas com um cinto. Houve outros jogadores visados, assim como elementos da equipa técnica liderada por Jorge Jesus.

No dia seguinte, a GNR deteve 23 adeptos associados à invasão e o caso seguiu para tribunal com 44 arguidos – nove dos quais foram condenados, em 2020, a penas de prisão efetivas, incluindo o antigo líder da ‘Juve Leo’, Fernando Mendes. Houve 28 condenados a penas suspensas por cinco anos e 200 horas de trabalho comunitário. Bruno de Carvalho, antigo presidente leonino, foi um dos arguidos absolvidos, depois de ter sido acusado da autoria moral do ataque.

Marco Ficini

Em 2017, um adepto italiano da Fiorentina foi atropelado mortalmente nas imediações do Estádio da Luz por elementos ligados à claque benfiquista ‘No Name Boys’. Luís Pina foi condenado a quatro anos de prisão efetiva por homicídio por negligência grosseira em 2020, embora, dois anos volvidos, o Tribunal da Relação de Lisboa anulou parcialmente o acórdão do processo, ordenando a reformulação da decisão de primeira instância.

Bruno Lage, Rafa Silva e Pizzi

Um grupo de 11 elementos afeto aos ‘No Name Boys’ foi condenado, pelo Tribunal de Sintra, em 2022, a pena suspensa: em causa estavam alegados crimes de dano simples consumado, atentado à segurança rodoviária, detenção de arma proibida, ameaça simples, furto simples, furto qualificado e ofensa à integridade física.

O grupo terá realizado vários ataques entre 2018 e 2020, entre os quais agressões a adeptos do Sporting, apedrejamento do autocarro do Benfica – que provocou ferimentos aos jogadores Zivkovic e Weigl – e atos de vandalismo nas residências do treinador Bruno Lage e dos jogadores Rafa Silva e Pizzi.

Festejos do FC Porto campeão

Em 2022, as festas de celebração do título portista ficaram manchadas pelo homicídio de Igor Silva, de 26 anos, que foi agredido e esfaqueado 18 vezes. Em causa estaria um ‘ajuste de contas’ com o membro da claque ‘SuperDragões’, Marco Gonçalves (conhecido como ‘Orelhas’), que foi constituído arguido, assim como o filho e outras cinco pessoas, e começaram a ser julgados em fevereiro.

Paulo Pereira Cristóvão

O antigo vice-presidente do Sporting, juntamente com Mustafá (ex-líder da ‘Juve Leo’), foram condenados a penas de prisão efetiva por assaltos violentos a residências na zona de Lisboa.

Em causa estão crimes de associação criminosa, roubo, sequestro, posse de arma proibida, abuso de poder, violação de domicílio por funcionário e falsificação de documento.

Os dois condenados – assim como três elementos da PSP – constituíram um gang responsável pelos assaltos, sendo que Mustafá e Paulo Pereira Cristóvão, antigo inspetor da PJ, seriam os alegados responsáveis pela escolha das vítimas. Foram condenados em 2019 e o Tribunal da Relação confirmou a pena de prisão efetiva em julho de 2021: Paulo Pereira Cristóvão cumpre pena de 7 anos e meio de prisão e Mustafá a seis anos e quatro meses.

Violação

Oito elementos dos ‘casuals’ ligados à claque ‘No Name Boys’ vão enfrentar julgamento por violação agravada de um menor de 16 anos, em abril de 2022. Os elementos da claque não gostaram que o jovem adepto tivesse publicado fotografias na bancada perto de elementos sportinguistas.

Estão acusados por roubo, ofensas à integridade física, gravações ilícitas, coação agravada, desobediência, detenção de arma proibida e tráfico de estupefacientes.

Tráfico de droga

De acordo com o jornal ‘Expresso’, em 2018, mais de mil elementos das claques de futebol estiveram sob suspeita de roubo, extorsão ou tráfico de droga. Em 2020, 13 ‘No Name Boys’ foram condenados por tráfico, posse de armas brancas e fogo posto, sendo que a maior pena se cifrou em 12 anos de prisão efetiva.

No mesmo ano, um responsável da claque do Sp. Braga foi detido por suspeita de tráfico de droga, tendo sido apreendidas haxixe, cocaína e heroína. Em 2021, elementos da claque ‘White Angels’, ligado ao Vitória Sport Clube, viram-se envolvidos numa operação da GNR para desmantelar uma rede de tráfico de droga.

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