Crise de gerações: Os pais enriquecem, os filhos endividam-se
A relação entre envelhecimento e acumulação de riqueza está a perder-se nas camadas mais jovens (mais de 35 anos) face às gerações mais velhas, alerta a OCDE.
Comprar casa: uma missão impossível
Entre os principais fatores está o facto de os mais jovens terem cada vez mais dificuldade em comprar casa, quer pelo aumento constante do índice de preços, quer pela dificuldade cada vez maior de conseguir um empréstimo bancário para tal.
Segundo a OCDE mesmo com a pandemia, e a aparente descida o valor do arrendamento e da compra de habitação, tudo indica que os preços das casas vão subir.
Para além disso, mesmo que o preço do arrendamento desça drasticamente, como lembra a organização internacional: “arrendar deve ser contabilizado na economia familiar como uma despesa, enquanto o pagamento de uma hipoteca é considerado parcialmente como um crédito, um investimento, dado que o seu retorno é a aquisição de um ativo”.
Políticas monetárias agressivas.
A OCDE salienta ainda que “as novas políticas monetárias altamente expansivas podem contribuir para uma formação de bolhas de ativos, o que poderia aumentar ainda mais a desigualdade em matéria de riqueza e ampliar a distância entre as gerações mais velhas e mais novas, devido ao crescimento dos preços”, derivado destas políticas.
Encontrar um emprego: Em busca de um tesouro perdido
Uma pesquisa do banco Unicredit publicada esta semana descobriu que os jovens foram os mais e desproporcionalmente afetados pelo desemprego durante a pandemia.
O mesmo documento conclui que a resistência ao impacto do desemprego na vida pessoal e familiar e maior entre trabalhadores com idades compreendidas entre os 50 e os 74 e menos suportável dos 18 aos 49 anos.
Esperança média de vida mina a esperança de uma herança
O aumento da esperança média de vida tem vindo a aumentar a concentração de riqueza em faixas etárias cada mais velhas.
Por outro lado e como lembra a OCDE, as heranças com maior significado financeiro para o indivíduo e por isso as mais volumosas, com o crescimento da desigualdade de riqueza nos últimos anos, têm ido parar às mãos dos mesmos, as famílias ricas, e tudo leva a crer que continuará assim nos próximos tempos.
” Como a riqueza está cada vez mais concentrada e as famílias ricas tendem a receber heranças de maior valor, a desigualdade intergeracional também tende a aumentar”, pode ler-se no documento publicado pela organização internacional.
O problema é ainda acumulado pela queda da natalidade, já que os bens passam a ser distribuídos por menos herdeiros, concentrando ainda mais a riqueza num nicho social.