Crise de covid-19 no Brasil é um aviso para o mundo inteiro, alertam especialistas

O Brasil está a assistir a um número ‘recorde’ de mortes por covid-19 e à propagação de uma variante mais contagiosa do novo coronavírus que pode reinfetar quem já contraiu o vírus antes.

O país é uma das nações mais afetadas pela pandemia em todo o mundo. É o terceiro país com o maior número de casos (10,6 milhões), logo a seguir aos Estados Unidos e à Índia, e o segundo com o maior número de mortes (257 mil), depois dos EUA.

O Brasil registou um novo máximo de óbitos por covid-19 esta terça-feira: 1641. Nenhuma outra nação que sofreu um surto tão grave continua a lutar com um número ‘recorde’ de mortes e um sistema de saúde à beira do colapso.

O Brasil está a lutar também contra uma variante mais contagiosa do novo coronavírus que afetou uma grande cidade e se está a espalhar, entretanto, a outras.

“A aceleração da pandemia em vários estados está a levar ao colapso dos sistemas hospitalares públicos e privados, o que poderá, em breve, tornar-se o caso em todas as regiões do Brasil”, disse a associação nacional de secretários de saúde num comunicado.

“Infelizmente, o lançamento anémico de vacinas e o ritmo lento a que estão a ficar disponíveis ainda não sugere que este cenário seja invertido a curto prazo”, acrescentou a entidade, citada pelo The New York Times.

Estudos preliminares sugerem que a variante brasileira que atingiu a cidade de Manaus não só é mais contagiosa, como também parece ser capaz de infetar algumas pessoas que já recuperaram de outras versões do vírus. E a variante já saiu das fronteiras do Brasil, aparecendo em outros países, incluindo em Portugal, onde já há três casos da estirpe brasileira.

O perigo das novas variantes está a ser alertado por especialistas de todo o mundo. A diretora dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, Rochelle Walensky, por exemplo, apelou aos cidadãos para não baixarem a guarda. “Por favor, ouçam-me claramente. A este nível de casos com as variantes a espalharem-se, estamos em condições de perder completamente o terreno difícil que ganhámos”, acrescentou a responsável, citada pelo jornal nova iorquino.

Os cientistas têm se esforçado para aprender mais sobre a variante e rastrear a sua disseminação por todo o país. Mas os recursos limitados para testar os casos têm sido um obstáculo.

O Brasil já começou a vacinar os grupos prioritários, incluindo os profissionais de saúde e os idosos, no final de janeiro. Mas o governo não conseguiu garantir um número suficiente de doses para todos. A culpa é, em parte, dos países mais ricos, que ‘monopolizaram’ vacinas para a sua população.

Paralelamente, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, tem-se mostrado cético quanto ao impacto da doença e das vacinas desde o início da pandemia, considerando a covid-19 uma “gripezinha”.

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