Crianças podem ter mais problemas de saúde na idade adulta devido a estes alimentos, aponta estudo. Saiba quais são

As crianças estão em maior risco devido aos alimentos ultraprocessados que comem: em causa estão problemas cardiometabólicos, como ataques cardíacos, AVC e diabetes, na idade adulta, denuncia esta segunda-feira um estudo publicado na publicação científica ‘JAMA Network Open’.

“O nosso estudo destaca a importância de promover a substituição de alimentos ultraprocessados ​​por alternativas mais saudáveis, como opções não processadas ou minimamente processadas, nos esforços para prevenir mais problemas de saúde cardiometabólicos em crianças”, indica Nancy Babio, autora do estudo e professora associada da Universidade Rovira I Virgili, em Espanha. Segundo Stuart Berger, cardiologista pediátrico e responsável da Academia Americana de Pediatria, que não esteve envolvido no estudo, as famílias e as instituições deveriam compreender como o início da vida estabelece as bases para os problemas enfrentados na idade adulta.

O estudo debruçou-se sobre os dados de mais de 1.400 crianças, entre os 3 e 6 anos, em Espanha, através de questionários em casa sobre atividade física, consumo alimentar e dados demográficos entre 2019 e 2022: as crianças que consumiram mais alimentos ultraprocessados ​​eram mais propensas a ter fatores de risco, como índice de massa corporal, tensão arterial sistólica e relação cintura-altura mais elevados.

De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), os alimentos ultraprocessados são aqueles que contêm ingredientes “nunca ou raramente utilizados na cozinha, ou classes de aditivos cuja função é tornar o produto final palatável ou mais atrativo” – estes ingredientes, que se encontram em refrigerantes, batatas fritas, sopas embaladas, nuggets de frango e gelados, entre outros – podem incluir conservantes contra bolor ou bactérias, corantes artificiais, emulsionantes para impedir a separação, e açúcar, sal e gorduras adicionados ou alterados para tornar os alimentos mais saborosos.

O estudo foi um dos primeiros a mostrar o impacto que estes alimentos podem ter na saúde cardiometabólica de crianças pequenas, destaca Stuart Berger. “Este tema específico, consumo e risco de alimentos ultraprocessados, é muito importante para as crianças”, indica. “O que sabemos é que as pessoas que comem de uma determinada maneira, mesmo o que as mães comem quando estão grávidas, definem as preferências do bebé”, diz Andrew Freeman, diretor de prevenção cardiovascular e bem-estar da National Jewish Health, em Denver (Estados Unidos). “Há inúmeras publicações que mostram que o que comemos no início da vida… na verdade, prepara o terreno para o que acontecerá no futuro.” Mudar a dieta do seu filho de alimentos ultraprocessados ​​para opções mais frescas é mais fácil de fazer quando eles são muito pequenos, acrescenta Stuart Berger.

O estudo constatou também que as crianças com maior quantidade de alimentos ultraprocessados ​​na dieta tinham mães mais jovens, com IMC (Índice de Massa Corporal) mais elevado e tinham níveis mais baixos de escolaridade e emprego. “Alimentos ultraprocessados ​​também são ultra-convenientes”, aponta Freeman. “Como resultado, as pessoas procuram-nos quando alimentam os seus filhos. E os seus filhos não estão com fome, mas estão cheios de todos esses diferentes produtos químicos, substâncias, temperos, sais, açúcares e tudo o mais que os torna muito viciados.”

“Se conseguir fazer alguma coisa para criar um estilo de vida saudável desde o início, há uma hipótese razoável de eliminar síndromes metabólicas mais tarde na vida, como diabetes, obesidade e todas as complicações associadas à diabetes e à obesidade”, conclui.

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