Crescimento económico e as opções que tomamos: José Theotónio, CEO do Grupo Pestana
A necessidade de crescimento económico é imperiosa para Portugal.
Por José Theotónio, CEO do Grupo Pestana
Um crescimento sadio, sustentável, que garanta uma melhor qualidade de vida a todos nós. Qualidade de vida medida não só pelo rendimento disponível, mas sobretudo por uma aproximação aos níveis de desenvolvimento social que os nossos parceiros europeus conseguem usufruir.
E o que temos feito para chegar a este objetivo? Que opções têm sido feitas para permitir ou, pelo menos não impedir, este crescimento económico? Pelos resultados obtidos nos últimos anos, não estamos a ir pelo bom caminho.
Não quero falar das múltiplas decisões que parecendo favoráveis à melhoria da qualidade de vida de alguns, têm resultados prejudiciais para a comunidade em geral, como a opção que tomamos por um horário de 35 horas na função pública cujo resultado que obtivemos, além do aumento do custo de funcionamento pagos pelos impostos de todos nós, foi de uma degradação de todos os serviços que nos são prestados e cuja face mais visível é no setor da saúde.
Queria-me concentrar na discriminação negativa que existe em relação às grandes empresas.
As “grandes empresas portuguesas” são regra geral médias (ou mesmo pequenas) quando analisadas num contexto global. No entanto, é este restrito grupo de empresas que apresenta maiores índices de produtividade, maiores salários médios, maior volume de investimento produtivo, maior aposta na investigação e desenvolvimento, que proporcionam maior formação aos seus colaboradores, e muitas vezes, são estas empresas maiores que conseguem “alavancar” um conjunto de parceiros, outras empresas de menor dimensão, para patamares internacionais e/ou de maior produtividade. São também estas as empresas que concorrem com as multinacionais que operam no país quando se perguntam aos jovens que entram no mercado de trabalho onde gostariam de trabalhar, as que apresentam um melhor índice de equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal ou as que conseguem dar notoriedade a marcas portuguesas.
Ou seja, são as “grandes empresas” as que mais contribuem para reter o “talento” em Portugal, activo fundamental para o desenvolvimento económico. Ah, já agora, são também as que pagam a esmagadora maioria dos impostos sobre a atividade empresarial.
Desta forma, a nossa política económica deveria ser desenhada para favorecer a que as micro e pequenas empresas passassem a ter uma dimensão média e, posteriormente, as médias chegassem ao grupo das “grandes empresas”. Assim, Portugal cresceria finalmente na produtividade e no salário médio. Não é preciso “acarinhá-las” é só necessário não as discriminar negativamente.
Bem sabemos que não é popular entre nós os portugueses, falar de empresas grandes. Preferimos o pequeno, e ainda mais o micro, o que tem dificuldades para poder “apoiar”, aqueles que andam sempre a pedir qualquer “coisa” para podermos ser “úteis”. Mas não será desta forma que chegaremos aos níveis de desenvolvimento que pretendemos. Sem empresas grandes e competitivas nos mercados não chegaremos lá.