Dispara o número de casos de cancro entre os mais jovens: mama, testículo e linfoma são os mais comuns

Há cada vez mais casos de cancro entre os mais jovens, o que está a preocupar os especialistas: apesar de Portugal não ter registos atualizados, diversos estudos europeus já apontaram o aumento, segundo indicou esta quarta-feira o ‘Diário de Notícias’.

Um estudo com 30 mil pacientes em Málaga (Espanha) apontou que existe um aumento da incidência de cancro na população entre os 20 e 45 anos: de acordo com a ‘JCO Global Oncology’, os mais comuns são os da mama, testículo e linfoma não Hodgkin.

“Isto não pode ser ignorado”, alertou o oncologista Luís Costa, em cujo serviço já se começou a notar um aumento do número de novos casos. “Aumentámos muito o número de doentes”, confirmou o diretor do serviço de oncologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, nomeadamente entre aqueles que estão na faixa etária abaixo dos 40 anos.

Luís Costa defendeu um olhar múltiplo para o cancro em pessoas jovens: “Tem de ser visto por muitos ângulos, não apenas o dos médicos. Até porque tem muitos impactos na vida de uma família, na vida social e até económica. É quase pôr a ciência ao serviço da sociedade. Tem de ser tratado como um assunto sério, sem alarmismos desnecessários. Temos de descobrir porque é que está a acontecer”, indicou.

Todos os anos morrem de cancro entre 9 e 10 milhões de pessoas, indicam os dados oficiais. As pessoas vão continuar a morrer, garantiu Luís Costa, no entanto “uma coisa é morrer aos 80 anos de idade, outra coisa é morrer abaixo dos 65, e dos 40”.

José Carlos Machado, investigador do I3S, salientou que este aumento do número de novos casos de cancro, anualmente “são relativamente transversais a outros países, que estarão a observar as mesmas tendências”. “Mas a razão, penso que ninguém sabe ao certo”, referiu.

“Há uma tendência para as pessoas acharem que isso tem a ver com o estilo de vida: a sedentarização, a obesidade, mas abre-se aqui a porta à exposição a carcinogénicos ambientais ainda mal definidos”, indicou o especialista, salientando que há agora novas ameaças ainda por identificar, “suficientemente grandes para que isso depois se note, em termos de incidência global”. Sobre Portugal, “o que sabemos é que o número total de cancros está a aumentar, globalmente, e não especificamente em pessoas mais jovens”, salientou José Carlos Machado.

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