Covid-19: Testes rápidos deixam escapar quase 30% dos casos sintomáticos e 40% dos assintomáticos, revela estudo
Os testes rápidos à covid-19 identificam melhor os casos sintomáticos do que os assintomáticos e a sua exatidão difere entre as marcas, revela uma investigação publicada na Cochrane Database of Systematic Reviews sobre a precisão dos testes rápidos.
Segundo a revisão citada pelo El Mundo, poucos testes cumprem os padrões mínimos de precisão da Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta forma de testagem é normalmente usada como uma alternativa aos PCR (mais caros e ligeiramente mais demorados).
Os testes rápidos são de dois tipos: os de antigénio, que identificam proteínas de vírus, são comercializados em kits e fornecem resultados em cerca de 30 minutos; e os testes moleculares, que detetam material genético de vírus e fornecem resultados entre 30 minutos e 2 horas.
A Cochrane, uma organização global independente, avaliou primeiro a precisão dos testes rápidos de 22 estudos, que foram publicados na edição de agosto de 2020. Agora, atualizou essa revisão para incluir 64 estudos com um total de 24.087 testes.
A maioria destes estudos foram realizados na Europa e nos Estados Unidos, e avaliaram a exatidão dos testes rápidos de antigénio em comparação com os PCR. Os autores descobriram, então, que os testes rápidos são menos precisos a detetar o novo coronavírus em pessoas assintomáticas do que sintomáticas.
Nas pessoas com sintomas da covid-19, os testes rápidos identificaram corretamente uma média de 72% de casos positivos, deixando escapar quase 30% das infeções.
Já nas pessoas infetadas mas sem sintomas, os testes antigénicos identificaram corretamente uma média de 58% de positivos, não detetando mais de 40% do casos.
A percentagem de infeções corretamente identificadas varia entre as marcas dos testes e também depende do cumprimento das instruções de ensaio dos fabricantes. Nas pessoas sintomáticas, a identificação correta da infeção variou entre 34% para o teste Coris Bioconcept, e 88% para o teste SD Biosensor Standard Q.
A norma da OMS para a exatidão destes testes declara que, para serem aceitáveis, devem ser capazes de identificar corretamente, pelo menos, 80% dos casos positivos e excluir corretamente, pelo menos, 97% das pessoas não infetadas.
A revisão salienta, então, que só se tiverem este nível de precisão é que os testes rápidos podem ser considerados uma alternativa aos PCR.