Covid-19: Novas variantes mais contagiosas já estarão a circular em Portugal mas não representam “risco acrescido”, diz especialista

Quatro anos depois de ter surgido, e mesmo depois de ter sido decretado o fim da emergência de saúde global pandémica, a Covid-19 tornou-se uma realidade do dia-a-dia a que devemos estar atentos, sobretudo quando surgem novas variantes do vírus que começam a ganhar predominância. Depois da JN.1, variante que fez soar alarmes no início deste ano, devido à sua rápida dispersão, são agora duas ‘filhas’ que começam a preocupar as autoridades de saúde: as variantes KP.1 e KP.2 que são mais contagiosas do que anteriores, mas que representam menos riscos de doença grave.

Estas variantes, explica Gustavo Tato Borges, Presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) à Executive Digest, englobam-se no grupo que está sob vigilância da Organização Mundial da Saúde e Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) e que designa como FLiRT. “Significa que são variantes que surgem por alterações nas proteínas do vírus. E isto quer dizer que são variantes mais mutáveis, com maior capacidade de sofrerem mutações, e por isso com maior potencial de contágio, pelo que devemos estar mais atentos”, indica.

Por outro lado, estas variantes, por terem maior capacidade de mutação, têm também mais capacidades de ‘esquivar’ a imunidade concedida pelas vacinas. Ainda assim, sublinha o especialista, a vacinação “continua a ser essencial” e uma medida básica para “prevenir a doença grave por Covid-19”.

Variantes ganham força na Europa e já dominam nos EUA
Segundo o CDC dos EUA, 25% dos novos casos relatados nas últimas semanas já são associados a estas variantes do vírus. Na Europa também está a crescer, com muitos casos já registados no Reino Unido igualmente, e até já chegou a Espanha.

Os primeiros casos de detetados de KP.1 e KP.2 no ‘país vizinho’ ocorreram em pelo menos três hospitais de Madrid e Barcelona, e seguiram-se a um aumento de número de novas infeções (ainda que este aumento não seja discriminado por variantes nos dados das autoridades de saúde espanholas).

Gustavo Tato Borges recorre ao mais recente relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), com dados de há duas semanas, para explicar que ainda não havia nessa altura casos oficialmente identificados, mas afirma que é “bastante provável que estas variantes já estejam em Portugal, ainda que longe de serem dominantes”. O especialista clarifica ainda que estamos perante “sub-variantes que são mais contagiosas, mas mens graves, ou seja, com menos capacidade para causar doença grave”.

No entanto, alerta o especialista, o facto de serem ‘menos graves’ não significa que não causem sintomas: devemos manter atenção aos ‘clássicos’, como tosse, dores de garganta, dores de cabeça e no corpo, diarreia, perda do paladar e olfato.

Gustavo Tato Borges resume que as novas variantes “não representam um risco acrescido” e “não deverão levar a um aumento de internamentos” ou de recurso aos hospitais e urgências mas que “resta esperar para ver, e a acompanhar a evolução destas sub-variantes em Portugal”.

Cuidados a manter? Tato Borges recorda as lições da Covid, para todos os que tenham suspeitas de estarem infetados e para os mais suscetíveis a poderem ter doença grave: lavagem das mãos, desinfeção de superfícies, arejamento de espaços, uso de máscara em contactos próximos caso se tenha sintomas. E claro, a vacinação: “Todos os grupos prioritários e de risco devem continuar a fazer a vacinação para se proteger, já que as vacinas vão sendo atualizadas para melhor responderem precisamente a estas novas variantes que vão surgindo”.

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