Covid-19: Membro da FDA ameaça demitir-se se for aprovada vacina nos EUA que não seja segura
Peter Marks, director do Centro de Avaliação e Investigação Biológica (CBER) da Food and Drug Administration (FDA), chamado a ajudar na selecção de uma vacina contra a Covid-19, ameaçou demitir-se se a administração Trump aprovar uma vacina antes de se mostrar segura e eficaz, avança a agência ‘Reuters’.
O responsável fez esta declaração em resposta às preocupações levantadas numa conferência que envolveu autoridades governamentais, executivos de farmacêuticas e académicos que participam num grupo de trabalho sobre vacinas, organizado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos.
Cientistas, oficiais de saúde pública e legisladores estão preocupados que a administração Trump pressione a FDA a autorizar uma vacina contra a Covid-19 antes das eleições presidenciais, em Novembro, mesmo que os dados dos ensaios clínicos não sustentem a sua utilização generalizada.
De acordo com a Reuters, Marks não sofreu qualquer pressão política e a FDA será orientada apenas pela ciência. Se tal mudasse, “não podia ficar parado e ver algo que não era seguro ou eficaz a ser submetido na mesma”, disse.
“Temos de decidir onde está a linha vermelha e essa é a minha linha vermelha”, afirmou. “Sentir-me-ia obrigado [a demitir-me] porque, ao fazê-lo, mostraria ao público americano que há algo errado”, reforçou.
O director do CBER acrescentou ainda que também se iria opor se alguém procurasse obter “ganhos políticos”, impedindo a aprovação de uma vacina que se mostrasse eficaz e que fosse segura.
Michael Caputo, secretário-adjunto para os assuntos públicos do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, que supervisiona a FDA, disse que o governo pretende identificar uma vacina segura e eficaz até Janeiro de 2021.
A especulação sobre a aprovação pela FDA de uma vacina sob pressão política “só mina a confiança no sistema de saúde pública”, disse Caputo. “Nunca conheci um regulador da FDA que não se demitisse por pressão imprópria, e é assim que a América sabe que o seu selo de aprovação é o padrão de excelência”.
As taxas de aprovação do Presidente Donald Trump caíram drasticamente na sequência da pandemia, que matou mais de 173.000 americanos e infectou mais de 5,5 milhões. A corrida para produzir uma vacina tornou-se o ponto central da sua administração.
No início deste mês, Trump referiu a possibilidade de uma vacina antes da votação de 3 de Novembro.