Covid-19: Hong Kong anuncia primeiro caso de reinfecção. OMS confirma que «é possível»

Um grupo de investigadores de Hong Kong anunciou o primeiro caso confirmado de reinfecção do novo coronavírus e a Organização Mundial de Saúde (OMS) já veio confirmar que «é possível» que tal aconteça, avança o ‘The New York Times’ (NYT).

Segundo os especialistas da Universidade de Hong Kong, «um paciente jovem e aparentemente saudável registou um segundo caso de infecção por Covid-19, que foi diagnosticado 4,5 meses após o primeiro episódio», pode ler-se num comunicado divulgado esta segunda-feira.

O relatório é preocupante uma vez que sugere que a imunidade ao novo coronavírus pode durar apenas alguns meses em determinadas pessoas, o que causa implicações para as vacinas que estão a ser desenvolvidas contra o vírus.

O homem de 33 anos apresentou apenas sintomas ligeiros na primeira vez que foi infectado e mostrou-se assintomático desta segunda vez. A reinfecção foi descoberta quando o paciente regressou de uma viagem a Espanha, segundo os investigadores, que adiantaram que o vírus sequenciado era muito semelhante à estirpe que circulava na Europa em Julho e Agosto.

«Os nossos resultados provam que a segunda infecção foi causada por um novo vírus que o paciente adquiriu recentemente, em vez de uma propagação viral prolongada», de acordo com Kelvin Kai-Wang To, microbiologista clínico da Universidade de Hong Kong, citado pelo ‘NYT’.

Visto que existem milhões de casos em todo o mundo, espera-se que algumas dezenas de pessoas possam ser reinfectadas com o vírus depois de apenas alguns meses, segundo os especialistas. Os médicos relataram vários casos de supostas reinfecções nos Estados Unidos e em outros locais, mas nenhum desses casos foi confirmado com testes rigorosos.

Os pacientes já recuperados são conhecidos por libertar fragmentos virais durante semanas, o que pode fazer com que os testes mostrem um resultado positivo na ausência do vírus vivo. Contudo, os investigadores de Hong Kong sequenciaram o vírus de ambas as vagas de infecção e encontraram diferenças significativas, sugerindo que o paciente em questão foi infectado pela segunda vez.

Maria van Kerkhove, especialista em doenças infecciosas da OMS, disse esta segunda-feira que é possível que se verifique uma reinfecção. «O que entendemos é que pode tratar-se de um caso de reinfecção. É possível», disse a responsável na conferência de imprensa do organismo, quando questionada sobre o caso de Hong Kong.

«Acho que é importante contextualizar. Registaram-se mais de 23 milhões de casos até agora e temos de olhar para o nível de população. É muito importante que os vírus sejam sequenciados em países que o possam fazer. Isto vai ajudar muito. Mas não podemos avançar para uma conclusão, mesmo que este seja o primeiro caso de uma reinfecção», sublinhou van Kerkhove.

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