Covid-19: Fraudes com máscaras inundam Facebook e Instagram

O Facebook e o Instagram continuam a ser palco de circulação de anúncios fraudulentos de máscaras e outros produtos médicos relacionados com a pandemia da Covid-19, mesmo depois de ter sido anunciada há semanas a proibição de publicidade a esse tipo de produtos, de acordo com o ‘Diário de Notícias’ (DN). Um facto que questiona a capacidade de as plataformas protegerem os seus utilizadores de esquemas de fraude e especulação em plena pandemia.

O Facebook, na pessoa do seu director de gestão de conteúdos, Rob Leathern, já tinha anunciado no inicio de Março «a proibição temporária de anúncios e listas comerciais, como as do Marketplace, que vendem máscaras de rosto médicas», com o objectivo de evitar a exploração de medos sobre a pandemia do novo coronavírus.

Também o Instagram deixou clara a sua decisão de «Proibir anúncios que exploram esta situação».

Sobre esta sua nova política, o Facebook escreveu: «As nossas equipas estão a acompanhar de perto a situação do covid-19 e farão as actualizações necessárias às nossas políticas se virmos que há pessoas a tentar explorar esta emergência de saúde pública».

Contudo, mais de três semanas depois, esses anúncios continuam a circular, levantando questões sobre a capacidade do Facebook para os remover, identificar e bloquear os seus criadores, que pagam à plataforma norte-americana para promover as suas vendas.

Os anúncios de máscaras e outros materiais médicos têm vários problemas associados. Um deles prende-se com a promoção da exploração e a compra motivada pelo pânico, agravando a escassez de produtos de que os profissionais de saúde necessitam, na linha da frente da batalha contra a pandemia.

Organismos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) têm sublinhado repetidamente que as máscaras de protecção são pouco benéficas para quem é saudavel e já toma medidas preventivas, tais como o distanciamento social e a lavagem regular das mãos. Segundo a OMS, as máscaras só são recomendadas para os indivíduos que se ocupam de pessoas suspeitas de estarem infectadas pelo SARS-CoV-2 ou que apresentem eles próprios sintomas.

No entanto, em vários países, como Portugal nos últimos dias, tem sido recomendado o uso generalizado de máscaras pela população que se desloca a zonas onde o distanciamento de segurança é impossível (como supermercados). E isso só aumentou o «mercado» para este tipo de anunciantes.

Para além da escassez de máscaras, muitos anúncios relacionados com o novo coronavírus nas redes sociais são problemáticos por uma razão diferente: tratam-se de puras fraudes. O receio causado pelo vírus, em conjunto com o número crescente de pessoas aconselhadas, ou obrigadas, a «ficar em casa» em todo o mundo, já levou a um aumento do número de cibercriminosos que procuram explorar a situação.

Como observou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, «infelizmente, os criminosos tiram partido desta situação. Seguem-nos online e exploram as nossas preocupações com o coronavírus. O nosso medo torna-se a sua oportunidade de negócio. A quantidade de cibercriminalidade na UE tem aumentado. O número de medicamentos falsos, sprays de desinfeção ou curas milagrosas vendidos online é espantoso», concluiu a responsável.

A Interpol também alertou para a crescente onda de fraudes online motivadas pela pandemia da Covid-19, afirmando que já tinha «prestado assistência em cerca de 30 casos de fraude relacionados com a Covid-19, com ligações à Ásia e à Europa, o que levou ao bloqueio de 18 contas bancárias e ao congelamento de mais de 730 mil dólares em transacções suspeitas de fraude».

Vários anúncios a máscaras e material médico continuam activos no Facebook. Alguns desses espaços publicitários, comprados ao Facebook, eram rapidamente identificados e retirados pela empresa. Mas muitos deles mantém-se, tal como demonstram estes exemplos.

Neles é visível a tentativa de fraude. Não só os preços são absolutamente exagerados, como as marcas que anunciam são suspeitas. Vários deles têm erros de escrita (o que revela poderem ter sido criados por software de disseminação de conteúdos).

 

Um dos pontos principais deste problema prende-se com o facto de que qualquer cidadão que pesquise no Google «máscaras covid» (por exemplo) torna-se uma vítima potencial destes esquemas de cibercrime. Porque a publicidade, no Facebook, não procura seduzir as pessoas a comprar. Os anúncios a máscaras chegam a quem as deseja, porque a rede social funciona assim, dirigindo a cada um de nós os produtos que sabe que procuramos, com a informação que tem sobre as nossas pesquisas e comportamentos online.

Quando questionado sobre a situação, um porta-voz do Facebook respondeu que a plataforma está «empenhada em impedir a exploração desta crise por quem quer obter ganhos financeiros” e que já tinha conseguido eliminar “milhões de anúncios e de listas comerciais»

«Embora este trabalho não tenha resultados perfeitos, continua a melhorar e criámos vários mecanismos de detecção automática para bloquear ou remover este material da nossa plataforma», afirmou citado pelo DN.

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