Covid-19: Cientistas descobrem novas provas que reforçam origem animal do vírus. Pandemia terá começado em cães-guaxinim

O debate sobre as origens da Covid-19 já dura há três anos, e faz-se entre duas ideias principais: o SARS CoV-2 passou para os seres humanos diretamente de um animal, ou o agente patogénico conseguiu escapar de um laboratório. No meio da falta de dados e colaboração das autoridades chinesas, e de um chorrilho de acusações dos EUA, grande parte da comunidade científica mantém-se confiante da ideia de que este surto inicial, como muitos outros, teve origem natural.

Esta hipótese só precisava de uma coisa: prova genética do mercado de Hunan em Wuhan, na China, que mostrasse que o coronavírus tinha infetado criaturas que estavam para venda nesse local. Esta semana, uma equipa internacional de cientistas e virologistas deram um grande passo para reduzir esta ‘falha’ de conhecimento.

Segundo o The Atlantic, o estudo feito é uma das provas mais fortes para sustentar a hipótese de origem da pandemia em animais. “Reforça muito o caso da origem natural. É mesmo uma grande indicação de que animais naquele mercado estavam infetados. Não há outra explicação que faça sentido”, aponta Seema Lakdawala, virologista da Emory University.

Em causa estão amostras genéticas retiradas de bancas do mercado na altura em que a pandemia terá começado. São os primeiros dados sem tratamento que investigadores fora da China têm acesso, publicados pelo CDC China, numa base de dados genéticos de acesso-livre, a GISAID.

As amostras em questão já se sabiam positivas para a presença de coronavírus, mas a análise prévia chinesa apontava para “nenhum hospedeiro animal podia ser deduzido”.

No entanto, a nova analise de investigadores defende que este não é o caso. O trio de responsáveis pelo estudo e a respetiva equipa detetaram várias amostra recolhidas no mercado de Wuhan que, para além de terem testado positivo à Covid-19, revelaram grandes quantidades de material genético animal.

Grande parte deste material genético era consistentes como sendo do cão-guaxinim, um pequeno animal da família das raposas que é amplamente comercializado naquele mercado, e noutras regiões chinesas. Os cientistas sustentam que as amostras provam que animais desta espécie, que como as amostras mostram estavam presentes naquele mercado, poderão ser a verdadeira origem da pandemia da Covid-19.

As provas não garantem a hipótese defendida, porque estes animais são mantidos em condições precárias e em grandes quantidades, com outras espécies nos mercados chineses. Seria mais sólida se a amostra fosse recolhida diretamente de um animal infetado, detetado naquele mercado de Wuhan. “Mas é um passo importante”, assinala uma das cientistas responsáveis pela descoberta.

Assim, a prova que falta para completar o puzzle é a que ateste que os cães-guaxinins e o coronavírus estavam no exato mesmo local do mercado. Tão perto que os animais posem ter sido infetados, ou eles mesmo infeciosos.

A descoberta não invalida hipótese de outros animais estarem infetados com Covid-19 em Huanan: os cães-guaxinins podem não ter sido a criatura que passou o vírus aos humanos, pelo que as investigações pela resposta ainda estarão para durar.

O estudo recente foi apresentado, numa reunião marcada de urgência, ao Grupo de Aconselhamento Científico sobre Origem de Novos Patógenos da Organização Mundial de Saúde na terça-feira, sendo que o organismo ainda não se pronunciou sobre os avanços.

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