Costa quer aumentar salário médio até ao nível registado antes da crise
O secretário-geral do PS defendeu hoje mais justiça na repartição dos ganhos do crescimento entre empresas e trabalhadores e que o nível do salário médio deve atingir o valor registado antes da crise de 2010.
António Costa assumiu estas posições perante militantes socialistas da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, numa intervenção em que afirmou que a política de rendimentos “é prioridade central” do programa do seu Governo para esta legislatura.
“Tem de haver um aumento geral do conjunto dos salários. O peso dos salários, no conjunto do Produto Interno Bruto (PIB), deve aproximar-se daquele que existia antes da crise, ou seja, tem de haver um maior equilíbrio na riqueza produzida entre aquilo que são os ganhos das empresas e aquilo que é o rendimento do trabalho que permite às empresas ganhar aquilo que estão a ganhar”, sustentou o líder socialista.
Na próxima semana, segundo o primeiro-ministro, além de o seu Governo se preparar para fixar o salário mínimo nacional para 2020, tendo em vista iniciar a trajetória até aos 750 euros em 2023, o executivo socialista quer também acordar com os parceiros sociais o calendário para um acordo sobre política geral de rendimento e de crescimento da economia.
“É verdade que o salário mínimo nacional subiu 20% na última legislatura e que, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o conjunto dos salários médios subiu 11,3%. Mas a verdade é que o rendimento médio ainda está abaixo do valor anterior à crise [de 2010]”, observou o secretário-geral do PS.
Em matéria de política de rendimentos, António Costa disse que os objetivos passam por aumentar o salário mínimo nacional para 750 euros em 2023, assinar um contrato em sede de concertação social que sirva de referencial para a negociação coletiva em matéria de valorização dos vencimentos dos jovens qualificados (licenciados ou com cursos de profissionalização) e “promover um esforço geral de revalorização dos salários”.
“É evidente que, para esta trajetória ser possível, é fundamental que haja bom diálogo social nas empresas, que haja dinamização da negociação coletiva em cada um dos setores e que exista um esforço de concertação social, sendo os parceiros sociais parte integrante desse processo”, disse.
Neste ponto, António Costa deixou depois um aviso às forças à esquerda do PS: “Nós não podemos ter aumentos com pés de barro, temos de ter aumentos sustentados no crescimento e que sejam eles próprios motores de mais crescimento económico”.
“Sabemos bem que a competência para aumentar o salário mínimo nacional é do Governo e que não precisamos de acordo nenhum. Mas, numa sociedade democrática avançada, um Governo deve promover o diálogo e deve saber ouvir antes de decidir. Devemos ouvir os parceiros sociais, não apenas as confederações patronais, mas também os sindicatos”, declarou, recebendo uma salva de palmas dos militantes socialistas.