‘Cortar’ nas equipas ou no número de maternidades: Administradores hospitalares apontam soluções para caos nas urgências de ginecologia e obstetrícia
A crise nos serviços de urgência de ginecologia e obstetrícia que afeta vários hospitais em Portugal tem gerado uma pressão crescente sobre o sistema de saúde nacional. Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, afirmou em declarações à Antena 1 que existem duas abordagens principais para resolver a situação: a redução do número de médicos por equipa ou a redução do número de maternidades.
O problema é particularmente agudo na Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde vários serviços de urgência foram encerrados recentemente devido à falta de médicos para assegurar as escalas necessárias. Um exemplo notório é o Hospital de Leiria, cuja urgência de Obstetrícia permanecerá fechada até ao próximo dia 19 de agosto.
Barreto aponta que a escassez de recursos humanos é a principal causa para o encerramento dos serviços. “Se não temos recursos humanos suficientes para assegurar a rede de maternidades como a conhecemos hoje ou como existiu no passado, não há alternativa. Temos que considerar reduzir o número de médicos por equipa ou concentrar os serviços em menos maternidades”, explicou.
Duas Abordagens para a Crise
O presidente da Associação de Administradores Hospitalares apresenta dois cenários possíveis para enfrentar a crise. O primeiro seria reduzir o número de médicos por equipa, uma solução que ele admite ser complexa e que necessita de discussão com as ordens profissionais. A segunda opção seria reduzir o número de maternidades e concentrar os serviços, o que implicaria o encerramento de algumas unidades.
“Eu diria que não há outra alternativa. Há margem e manobra para fechar algumas maternidades, desde que isso seja explicado de forma clara aos cidadãos”, afirmou Barreto. Ele acrescenta que “explicar convenientemente às pessoas seria uma solução melhor do que manter esta situação de indefinição e funcionamento intermitente”.
Barreto destaca que qualquer solução deverá ser implementada com “coragem e determinação” e com o envolvimento de todos os agentes envolvidos. O presidente da Associação apela para que a questão não seja usada como um “fator de divisão” e que a reforma necessária não seja adiada devido a fatores políticos, como as eleições autárquicas do próximo ano.