Congelados, vinhos e imobiliário. O que sobrou dos negócios falhados de Maló
Dos congelados aos vinhos e imobiliário: é isto que resta dos negócios de Paulo Maló, que viu as clínicas com o seu nome – agora nas mãos da Atena – afundarem-se em dívidas de 70 milhões de euros, segundo informação recolhida pelo “Expresso”.
De acordo com o semanário, Maló é accionista minoritário da empresa de congelados Gelcentro, que no ano passado facturou 21 milhões de euros, lucrou meio milhão e acumula capitais próprios positivos próximos dos quatro milhões. Tem também em seu nome 5,04% da Gelcentro, empresa controlada em 50% pela sua irmã Maria Manuela Carvalho; outros 25% são acções próprias e os remanescentes 20% pertencem à Malo Agro Holding, sociedade detida pela Inovative Medical Care, que até há uns anos pertencia ao empresário. Contudo, o “Expresso” não conseguiu apurar se Maló mantém o controlo da Malo Agro Holding e da Inovative Medical Care.
Os últimos números da Malo Agro Holding, criada em 2010, são relativos a 2016, sendo que, desde aí, não publica contas. O relatório dá conta de um activo de 1,6 milhões de euros, capital próprio marginalmente positivo (31 mil euros) e um resultado líquido também positivo (43 mil euros). Já a Inovative Medical Care, fundada em 2001, recebeu em Janeiro deste ano um aviso de dissolução por não publicar contas há vários anos, mais precisamente desde 2015, quando teve um prejuízo de 8,6 milhões de euros, mantendo, ainda assim, capitais próprios positivos de 20 milhões.
A Malo Agro Holding é ainda accionista maioritária de duas outras sociedades criadas por Paulo Maló – a Malo Wines e a NCD Agroturismo. Mas se no negócio dos vinhos os últimos números, relativos a 2017, revelam capitais próprios positivos de 766 mil euros, uma facturação anual inferior a um milhão e um resultado líquido de 11 mil euros, na NCD Agroturismo as contas desse mesmo ano registavam um prejuízo de 176 mil euros. Embora tivesse um activo de 3,75 milhões de euros, o capital próprio da NCD era negativo em 103 mil euros.
Há ainda uma outra sociedade fundada por Maló e ainda activa: a PSMC Imobiliária. Criada em 1998, a empresa apresentava vendas anuais superiores a um milhão de euros, um prejuízo de 188 mil euros, relativo ao ano 2016, mas um capital próprio positivo de 2,3 milhões de euros.
O “Expresso” vai ainda mais longe. Antes da expansão internacional das clínicas com o seu nome, Paulo Maló abriu outras empresas com um curto período de vida: as empresas Podos (comércio de equipamentos para podologia), que abriu em 1999 e fechou em 2006, e As Amarelinhas (sociedade agro-pecuária), que operou entre 2000 e 2011. Maló também foi sócio da empresa KWP Consultores de Gestão, que lançou em 2000 e fechou em 2006, bem como das sociedades Malo Kids (que abriu em 2008 e fechou em 2010) e a Malo One Cabeleireiros (que teve igualmente um curto período de vida, entre 2010 e 2012). Em 2007 constituía a sociedade GP Lavandarias, que acabaria por encerrar em 2013.
Paulo Maló, recorde-se, deixou de ter qualquer actividade e relação com a Malo Clinic, tendo sido a decisão da administração da Malo comunicada aos colaboradores na passada quinta-feira, 10 de Outubro, pouco mais de quatro meses após a compra do império de medicina dentária pela Atena.
No entanto, o empresário poderá, caso tenha o remanescente património em seu nome, perder a fortuna pessoal, avançava esta segunda-feira, 14 de Outubro, o “Jornal de Negócios”.
O “Expresso” escreve que é ainda incerto o desfecho dos processos de execução que o Novo Banco e Caixa Geral de Depósitos lançaram sobre Paulo Maló para conseguirem algo mais do que ficou acordado processo especial de revitalização da Maló Clinic.