Conferência dos Oceanos: Associação ambientalista ZERO diz que “têm faltado ações concretas” e pede “mais ambição e coragem”

Neste dia que marca o arranque da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, a associação ambientalista ZERO diz que está na hora “de se passar das promessas e das palavras vazias às ações concretas”.

Maria Santos, analista de políticas públicas nas áreas da energia, mobilidade e clima, contou esta manhã à ‘Multinews’ que “a expectativa é que haja uma concertação global para a proteção dos oceanos” e que seja acordada uma “agenda para os oceanos”. “Têm faltado ações concretas”, lamentou Maria Santos, acrescentando que “é preciso passar das palavras às ações”.

Questionada sobre se a ZERO está confiante de que do encontro internacional sairão medidas concretas para proteger os oceanos e para travar atividades destrutivas, a especialista referiu que “gostaríamos de ver ações concretas para concretizar o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 14″, o eixo estratégico da Agenda 2030 da ONU que prevê a conservação de 30% dos oceanos até 2030.

Contudo, Maria Santos lembrou que até 2020 já era suposto termos 10% dos oceanos protegidos, mas atualmente ainda estamos nos 7%, pelo que se deve olhar com otimismo, sim, mas também com cautela para o que resultará desta cimeira.

E será o regime internacional de proteção dos oceanos suficiente? Maria Santos diz “não” e que “estamos aquém do que é preciso fazer”, afirmando que “esperamos que a conferência seja um momento para alavancar as negociações sobre a proteção das áreas marinhas”, especialmente ao nível internacional, que estão além da jurisdição de qualquer Estado.

A nível nacional, a especialista da ZERO disse-nos que Portugal, com uma das maiores áreas económicas do mundo, tem traçadas metas ambiciosas, designadamente através da Estratégia Nacional para o Mar, para o período de 2021 a 2030, mas reconheceu que “depois as ações acabam por não se concretizar”. E deixa um apelo aos governantes portugueses: “Tenham mais ambição e coragem para proteger os oceanos”.

Esta segunda-feira, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, alertou, em entrevista à ‘RTP’, que “estamos a perder a nossa batalha pelos oceanos”. O líder apontou que o fortalecimento do investimento em combustíveis fósseis, para contornar as dificuldades geradas pela guerra na Ucrânia, “é um suicídio”, e apela a todos os países que façam mais investimentos nas energias renováveis.

A segunda Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, organizada por Portugal e pelo Quénia, arranca esta segunda-feira, em Lisboa, e estende-se até sexta-feira.

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