Conduzir ‘do lado errado’ da estrada? Saiba porque no Reino Unido é pela esquerda e no resto da Europa pela direita

Alguma vez se perguntou se estava a conduzir do ‘lado errado’ da estrada?

Esta é uma questão que surge frequentemente a quem se desloca ao Reino Unido, onde a condução é feita pela esquerda – mas não só: 30% dos países do mundo exigem a condução pelo lado canhoto, os restantes 70% fazem-no pelo lado direito. Mas quais são os motivos?

No caso britânico, Napoleão Bonaparte assume um papel central. Se se deslocar aos Estados Unidos, é Henry Ford quem normalmente recebe os créditos, mas a história é muito mais antiga do que a Ford – vem mesmo de antes do estabelecimento dos Estados Unidos.

A resposta a esta questão está num antigo celeiro de secagem de tabaco em Conestoga, na Pensilvânia, numa carroça. As mesmas que nos habituámos a ver em filmes de cowboys de Hollywood, as mesmas que transportavam pioneiros e se tornaram ícones da expansão da América para o Oeste.

As carroças Conestoga foram desenvolvidas por carpinteiros e ferreiros locais para transportar mercadorias para os mercados de Filadélfia, uma das maiores cidades das colónias originais. Para maior controlo dos cavalos, era costuma o cocheiro caminhar ao lado dos animais, puxando cordas e alavancas. Ora, as carroças tinham os controlos do lado esquerdo, para ficarem próximos da mão direita do condutor – ou seja, o motorista estava no meio da estrada e a carroça à direita.

O comércio intensivo na zona levou à criação da primeira grande rodovia dos Estados Unidos, inaugurada em 1795. A ‘Philadelphia and Lancaster Turnpike Road’ tinha inscrito nos seus estatutos que todo o tráfego deveria permanecer à direita, exatamente como faziam as carroças Conestoga. Em 1804, Nova Iorque tornou-se o primeiro estado a impor a permanência do tráfego à direita em todas as estradas e rodovias.

E como surge Henry Ford? Em 1908, a Ford colocou o volante do lado esquerdo do imensamente popular Model T. Na verdade, Ford estava apenas a responder à direção hábitos que já haviam sido amplamente estabelecidos muito antes.

Na Europa, grande parte dos países segue este princípio, com exceção da Grã-Bretanha. E porquê? O crédito, ou culpa, pertence aos franceses.
O Governo revolucionário francês sob Maximilien Robespierre – mais conhecido por liderar o “Reinado do Terror” do final do século XVIII, em que milhares de pessoas foram guilhotinadas – ditou que todos deveriam conduzir pela direita. O lado esquerdo da estrada era, por longa convenção cultural, reservado para carruagens e cavaleiros. Em outras palavras, as classes mais ricas. Os pedestres, ou seja, os mais pobres, mantiveram-se à direita.

A política francesa foi difundida por Napoleão enquanto os seus exércitos marchavam pela Europa. Houve, no entanto, uma nação que não foi nem súbdita nem aliada do imperador francês que ‘destoou’ – na Suécia conduzia-se pela esquerda até que num dia tranquilo de 1967 os condutores mudaram para a direita.

A Grã-Bretanha seguiu o caminho oposto da França. Isto devido aos diferentes tipos de transporte utilizados – havia menos carroças de tamanho industrial na Grã-Bretanha e mais carruagens pequenas e cavaleiros individuais. Os cavaleiros preferiam ficar à esquerda para manter a mão direita voltada para o tráfego que se aproximava para saudações.

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