Concurso para compra de 117 comboios passa para fase de negociações com CP

O concurso de 819 milhões de euros para adquirir 117 novas automotoras elétricas pela CP, lançado em dezembro de 2021, passou à fase de negociações com a empresa, disse hoje à Lusa um dos concorrentes.

“O processo prossegue agora com a fase negocial, na qual iremos, entre outras matérias, confirmar o nosso compromisso absoluto com o desenvolvimento industrial de Portugal”, disse a Alstom, que concorre em consórcio com o Grupo DST, em resposta escrita à Lusa.

Em causa está o concurso aprovado pelo Governo em julho de 2021 e lançado em dezembro seguinte, para a aquisição de 117 novas automotoras elétricas pela CP – Comboios de Portugal, num valor de 819 milhões de euros, o que, segundo o então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, é a “maior compra de sempre” da operadora.

Na altura da aprovação em Conselho de Ministros, o Governo disse esperar que o primeiro comboio chegue em 2026 e que a totalidade das composições esteja em circulação em 2029.

Antes do lançamento do concurso, Pedro Nuno Santos avançou que aquele estava a ser preparado no sentido de prever que as empresas concorrentes estejam disponíveis para construir parte, ou a totalidade do comboio em Portugal.

A Alstom apresentou à CP, no dia 02 de dezembro, a sua proposta técnica e financeira.

“Estamos decididos a apoiar a transferência de tecnologia para o país, para que seja possível voltar a fabricar comboios em Portugal. Juntamente com a parceria com o Grupo DST, a proposta da Alstom é a única com ADN português completo: comboios para Portugal, totalmente fabricados em Portugal”, destacou a Alstom, na mesma resposta enviada hoje à agência Lusa.

O grupo industrial francês não comentou, porém, a notícia hoje avançada pelo jornal espanhol Expansión e pelo Eco, a dar conta de que o consórcio germano-espanhol Siemens/Talgo está fora do concurso, restando na competição o consórcio franco-português Alstom/DST, os suíços da Stadler e os espanhóis da CAF.

“Como o processo está em curso, por enquanto todos os restantes detalhes permanecem confidenciais, razão pela qual não poderemos divulgar mais informações”, apontou a Alstom.

A CP anunciou, em 21 de fevereiro do ano passado, ter recebido seis candidaturas ao concurso de aquisição de 117 automotoras para os serviços regional e suburbano, apresentadas por três empresas e três consórcios.

Em comunicado, a CP avançou que apresentaram candidaturas os chineses da CRRC Tangshan, os japoneses da Hitachi Rail e os suíços da Stadler, através da Stadler Rail Valência.

Já em consórcio candidataram-se os agrupamentos constituídos pela francesa Alstom Transporte, Bombardier Transportation Portugal (detida pela Alstom) e a portuguesa Domingos da Silva Teixeira (DST); um outro agrupamento que integra a unidade de fabrico e a unidade de engenharia dos espanhóis da CAF (Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles e CAF Turnkey & Engineering); e um agrupamento constituído pela espanhola Patentes Talgo e a alemã Siemens Mobility.

Em setembro, Pedro Nuno Santos disse esperar que a adjudicação da compra aconteça no início de fevereiro deste ano, e não ainda em 2021, como estava inicialmente previsto.

Além das automotoras, que incluem 62 unidades para os serviços urbanos e 55 unidades para o serviço regional, a CP tem ainda a opção de aquisição de mais 36 unidades para o serviço urbano. Este concurso não contemplou a compra de comboios de longo curso.

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