Comunidade muçulmana teme possível vitória da extrema-direita em França e apela ao voto

A União das Associações Muçulmanas de Seine-Saint-Denis, em Paris, não esconde o receio por uma possível vitória da extrema-direita nas eleições legislativas francesas, este fim de semana. De acordo com a ‘Antena 1’, em visita a um dos bairros da capital francesa com maior percentagem de imigrantes, a associação apelou aos muçulmanos para votarem em força para contrariar um possível triunfo de Jordan Bardella, presidente da Frente Nacional.

“Para nós, muçulmanos, filhos da imigração, isso assusta-nos, sobretudo para as pessoas que não têm a nacionalidade francesa. Nós somos franceses, isto não vai mudar nada nas nossas vidas. Mas pelos outros, sim, temos medo por eles”, refere a associação aos microfones da rádio portuguesa.

A ascensão da extrema-direita coloca a população imigrante em sobressalto, que teme ataques com base em falsos pretextos.

“Vão sentir que nos estão a investir de uma missão e ao menor comentário seremos atacados. Depois, a primeira coisa que vão fazer é dar toda a razão a essa pessoa e não nos poderemos defender. É isso que hoje tememos”, indica um membro da associação.

“Se as coisas não correrem bem, voltarei ao meu país. A continuar assim, prefiro voltar”, aponta outro membro.

Recorde-se que o Governo francês ordenou, esta quarta-feira, a dissolução de vários grupos extremistas de direita e radicais muçulmanos, quatro dias antes do primeiro turno das eleições legislativas.

O ministro do Interior, Gerald Darmanin, anunciou que o Governo ordenou o encerramento de vários grupos que promovem ódio, que representavam riscos de violência. Entre os grupos afetados está o GUD, conhecido pela violência e antissemitismo – os seus membros apoiaram no passado a líder política de extrema-direita Marine Le Pen.

Outro grupo alvo, chamado Les Remparts, é acusado de incitar ódio, discriminação e violência contra estrangeiros e pessoas não brancas, de acordo com decretos do Ministério do Interior.

Outro decreto teve como alvo um grupo chamado Jonas Paris, que afirma apoiar a comunidade muçulmana da França, mas, em vez disso, promove a violência, ódio e discriminação contra não muçulmanos, mulheres e pessoas LGBTQ+.

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