Como estamos de apps?

Por Manuel Falcão, director-geral da Nova Expressão – Planeamento de Media e Publicidade

Em 2016, a App Store da Apple cresceu a um ritmo de 2500 novas aplicações por dia e o número de downloads do Google Play acompanhou este ritmo. Mas este ano, o número caiu para 500 por dia.

Em todos os mercados, o tempo gasto em dispositivos móveis iguala ou supera o tempo de navegação na net através de computadores. Cada vez mais as pessoas pesquisam de formas não tradicionais – no Facebook e na Amazon – neste caso se estão a querer comprar um produto. De uma forma muito rápida alteraram-se os hábitos.

Os últimos dados disponíveis indicam que em Portugal 45% dos acessos já são feitos através de dispositivos móveis e têm estado a crescer. Enquanto isto acontece, as visitas aos websites das marcas estão a diminuir, substituídas por acessos à sua presença nas redes sociais. Mas os websites que são rápidos de carregar e de navegar em smartphones, com a tecnologia responsive por exemplo, continuam a ser um instrumento fundamental – talvez mais que as aplicações. Nos dispositivos móveis, o espaço disponível para software é limitado e assim as pessoas tendem a ir eliminando aplicações que utilizam pouco.

Nalguns mercados, onde as redes disponíveis são mais fracas ou mais caras para o utilizador, a utilização de apps é ainda menor e mais problemática. Por tudo isto, o ciclo de crescimento das apps parece estar a diminuir. Números recentes do mercado norte-americano indicam que metade dos utilizadores de smartphones não fazem downloads de aplicações, apenas 36% das apps instaladas continuam a ser utilizadas ao fim de um mês de download e o número cai para 11% ao fim de um ano. Quer isto dizer que devemos deixar de apostar em apps? Os números mostram que, se a sua empresa está a desenvolver um negócio predominantemente digital, o foco excessivamente concentrado na construção de uma aplicação, esquecendo os outros canais, é muito perigoso. É cada vez mais claro que as empresas devem gerir a presença digital de forma integrada, tendo o cuidado de manter o website actualizado, tecnicamente em condições de ser acedido por dispositivos móveis de forma rápida.

A interacção conseguida com os consumidores é o objectivo e é hoje claro que esta interacção acontece cada vez mais em vários locais.

Tirar a carta de condução? Para quê?

A indústria automóvel é uma das que vai sofrer mudanças profundas nos próximos anos

As questões ambientais vão alterar os sistemas de propulsão, as limitações de trânsito nas grandes cidades vão alterar o conceito de propriedade e os carros auto-conduzidos vão mudar a forma como as pessoas os utilizam.

Tudo isto vai desenvolver negócios como o Uber, vai criar plataformas de utilização repartida de veículos conforme as necessidades e vai tornar o negócio das escolas de condução uma actividade em progressiva extinção.

Num futuro não muito longíquo, as pessoas deixarão de ter um carro, utilizarão um veículo que poderão usar apenas durante determinado tempo e não necessitarão de ter carta de condução. Negócios novos em torno da utilização partilhada irão surgir, as redes de abastecimento de energia sofrerão profundas transformações.

Todo o ciclo de negócio que existe em torno do veículo automóvel vai mudar de forma radical nos próximos 20 anos – da posse ao modelo de utilização, até à condução, passando pela indústria seguradora. E 20 anos passam cada vez mais depressa.

Os robôs serão os professores do futuro?

Numa recente palestra no World Economic Forum, Robert Frey, um dos mais influentes pensadores sobre o futuro, previu que em 2030 a maior empresa da internet a nível global seja um negócio, que ainda não existe e cujos contornos não se conhecem por enquanto, mas que será centrado na educação. Frey sublinha que a educação personalizada através de máquinas será o factor de desenvolvimento mais saliente das investigações em torno da Inteligência Artificial e prevê que o desenvolvimento das capacidades linguísticas e de interacção social de robôs serão os passos que mudarão de forma significativa o mundo. Por outras palavras, Frey garante que os robôs vão dar aulas on line, de uma forma muito personalizada, atendendo ao perfil dos alunos, às suas necessidades, com um grau de actualização de conhecimento inimaginável e uma atenção a cada caso que revolucionará por completo o desenvolvimento das futuras gerações.

Este artigo foi publicado na edição de Junho de 2017 da revista Executive Digest.

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