Como é que as fintechs se estão a preparar para conquistar 2025? Esta é a visão dos especialistas
O setor fintech está a viver uma transformação profunda, com grandes perspetivas de crescimento para 2025. O avanço das tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial (IA), a implementação do regulamento MiCA para criptoativos e a evolução do Open Finance, promete redefinir a forma como os serviços financeiros são oferecidos.
Executivos do setor, partilham com a Executive Digest as suas previsões sobre como estas inovações irão impactar o mercado, destacando a crescente colaboração entre fintechs e bancos tradicionais, o aumento da regulação para garantir segurança e a procura por soluções financeiras mais eficientes e personalizadas.
David Ortega, CIO da Bit2Me e Presidente da Dekalabs
Durante 2025, espera-se que o setor fintech tenha um forte crescimento, devido a uma multiplicidade de fatores, entre os quais destacamos os seguintes:
1) Crescimento do setor criptográfico impulsionado pelo MiCA: estima-se que o setor criptográfico tenha um boom considerável no primeiro trimestre de 2025 devido à implementação do regulamento MiCA (Mercados em Criptoativos) na União Europeia e ao início das operações em DLT (Distributed Ledger Technology) no mercado criptográfico.
Este quadro regulamentar trará clareza e confiança ao mercado, favorecendo tanto os investidores institucionais como os investidores de retalho. A regulamentação de criptoativos, stablecoins e a supervisão de prestadores de serviços relacionados irão abrir a porta para uma adoção mais ampla e consolidarão a Europa como um centro chave para criptoativos e tokenização.
2) Consolidação dos agentes de inteligência artificial (IA): Os agentes de IA, já presentes em numerosos projetos financeiros, irão expandir-se ainda mais em 2025, posicionando-se como ferramentas fundamentais em áreas como aconselhamento automatizado, gestão de investimentos e deteção de fraudes.
À medida que estas tecnologias amadurecerem, veremos a sua integração nas aplicações quotidianas, otimizando processos complexos e personalizando os serviços oferecidos tanto pelas fintech como pelas instituições tradicionais.
3) Open Finance: A evolução do Open Banking permitirá total interoperabilidade entre diferentes plataformas financeiras, criando um ecossistema onde os dados dos utilizadores serão partilhados de forma segura para oferecer serviços personalizados e eficientes.
A combinação do Open Finance com os agentes de IA impulsionará a criação de soluções integradas que respondam automaticamente às necessidades dos clientes, como sugestões de investimento baseadas em dados em tempo real ou a automatização de decisões financeiras complexas, marcando um marco na transformação digital do setor.
Apenas mencionando alguns exemplos de operações, em 2025 vamos ter a oportunidade de ver quantos bancos adicionarão criptoativos à sua oferta de serviços e quantas empresas financeiras incluirão os seus dados anonimizados em ferramentas de consulta e APIs públicas que permitirão um grande salto nas ferramentas de automação e análise.
Nuno Breda, Cofundador da Ifthenpay
Nos últimos anos, as fintechs têm sido um dos motores da economia, liderando a evolução tecnológica na área financeira, com especial relevo na utilização dos pagamentos digitais. Tudo indica que em 2025 iremos manter esta tendência, realçando a agilidade que as empresas do setor evidenciam para encontrar soluções novas e criativas para esta área.
À semelhança do que tem vindo a acontecer noutros setores, 2025 trará a continuidade da criação de parcerias estratégicas, de fusões e aquisições. Estas alianças proporcionam uma maior velocidade no crescimento, com os grandes “players” internacionais a disputarem a conquista da sua quota de mercado. Pertencer a uma família maior, traz sempre vantagens competitivas, seja em termos de potencial de crescimento, seja em termos de resiliência perante adversidades imprevistas que surjam.
A aproximação do setor à banca tradicional também deverá continuar. A forma com as fintechs são vistas pelo setor financeiro tem vindo a evoluir, sendo cada vez mais consideradas como um parceiro que oferece serviços complementares e não concorrentes.
A Inteligência Artificial, (IA) é uma realidade incontornável e terá um crescimento exponencial nos próximos anos. Transversal a inúmeros setores, irá impactar também o das fintechs, com a evolução dos algoritmos de deteção de fraudes a ganharem especial importância, perante os crescentes desafios que a cibersegurança nos coloca.
Do ponto de vista mais operacional, as soluções omnichannel terão uma grande procura por parte dos comerciantes que pretendam ganhar vantagens competitivas, acelerando o seu processo de transformação digital. Juntar pagamentos presenciais, efetuados a partir de Terminais de Pagamento Automático (TPAs), com pagamentos à distância, recorrendo a “Gateways” integradas com as lojas online, continuará a ser uma das grandes tendências para 2025. Estas soluções tenderão a evoluir mais ainda, adicionando pagamentos digitais a inúmeras plataformas não exclusivamente financeiras e incluindo cada vez mais métodos de pagamento, nacionais e internacionais. Vários setores beneficiarão desta evolução que proporciona serviços mais ágeis e convenientes, com inquestionáveis ganhos de desempenho e produtividade.
O cenário geopolítico que se desenha para 2025, poderá ser favorável ao crescimento da utilização de moedas digitais, com os governos a suportarem esta tecnologia através dos seus bancos centrais. Certamente aparecerão fintechs a querer agarrar também esta oportunidade, oferecendo serviços de cripto moedas e finanças descentralizadas. O grande desafio será em torno da regulação e mitigação dos riscos que esta tecnologia ainda acarreta. A cibersegurança continuará a ser uma prioridade para todo o setor.
Uma nota final para a inclusão de políticas de ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance) que, à semelhança da IA, são transversais a inúmeros setores e o das fintechs não é exceção. Teremos uma maior sensibilidade a este tema, com as empresas a mostrarem evidencias de responsabilidade social e ambiental. O cliente tenderá a ser cada vez mais exigente nesta matéria, e no momento da escolha poderá ser um fator diferenciador. 2025 trará mais oportunidades para as fintechs poderem consolidar o seu crescimento de forma sustentável. Aquelas que se conseguirem destacar nesta corrida, apostando na inovação, na qualidade do serviço prestado e no foco no consumidor, terão de certeza um bom ano pela frente.
Por Jordi Nebot, CEO e Fundador de PaynoPain
Em 2025, as fintech em Portugal serão marcadas pela adoção de inteligência artificial em áreas-chave como a deteção de fraude, avaliação de risco, serviços personalizados ao cliente e implementação de regulamentos como o MiCA e o DORA, que promoverão um ecossistema seguro e transparente. A sustentabilidade e a satisfação dos clientes também serão prioridades do setor.
O aparecimento das novas tecnologias e a mudança das necessidades dos consumidores exigem que todos os setores se adaptem e que assegurem a satisfação dos seus clientes. E neste caso, o setor das fintechs não é exceção. Espera-se um boom de soluções de pagamento digital e modelos de financiamento sustentáveis, que impulsionarão a inovação e o maior investimento internacional.
Assim sendo, apresentamos as principais tendências marcam das fintechs em Portugal:
- Integração de IA e Machine Learning: A adoção de tecnologias de inteligência artificial e machine learning, a fim de melhorar a personalização dos serviços financeiros, a deteção de fraudes e a automatização dos processos, será forte uma tendência dos próximos anos.
- Regulamentação e Conformidade: À medida que as fintechs continuam a crescer, a regulamentação e a conformidade tornaram-se ainda mais importantes. As empresas devem adaptar-se às novas leis e regulamentos, de forma a garantir a sua segurança, a proteção dos dados dos clientes e a sua estabilidade em mercado.
- Experiência do Utilizador: A melhoria da experiência do utilizador continuará a ser uma prioridade, com as fintechs a investir em interfaces simples e fáceis de usar e em serviços omnicanais que ofereçam uma experiência fluida e intuitiva. De forma a prestar um serviço personalizado, espera-se que as fintechs se foquem na customização dos serviços financeiros através de dados e inteligência artificial e ofereçam uma experiência mais personalizada ao cliente.
- Sustentabilidade: A sustentabilidade e a responsabilidade social corporativa ganharão destaque, com as fintechs a desenvolver produtos e serviços que promovam práticas financeiras e ambientais sustentáveis.
- Blockchain e Criptomoedas: A crescente adoção de tecnologias de blockchain e utilização de criptomoedas continuará a crescer, com cada vez mais fintechs a oferecer soluções de pagamento descentralizadas, ou seja, possibilitando as transações diretas sem a necessidade de um intermediário bancário tradicional. As fintechs estão a transformar o mercado de pagamentos, tornando-os mais rápidos e seguros, enquanto asseguram a redução de custos e a eficiência dos serviços financeiros.
- Colaborações e Parcerias: As fintechs estão a investir mais na criação de novas parcerias com instituições financeiras tradicionais e outras empresas para expandir os seus serviços e alcançar um público maior.
Tendo em conta que a Pay no Pain uma empresa tecnológica especializada no desenvolvimento de ferramentas de pagamento online, apresentamos algumas tendências mais focadas neste tema para 2025:
- Pagamentos com smartphones e outros dispositivos: A crescete utilização de métodos de pagamento como a Apple Pay, o Google Pay e os dispositivos como relógios inteligentes continua a aumentar, especialmente entre os consumidores mais jovens. Isto permite realizar transações rápidas através da tecnologia contactless e impulsiona o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas.
- Interconexão de sistemas de pagamento na Europa: A integração de plataformas de pagamento como o MB Way (Portugal), o Bizum (Espanha) e o Bancomat (Itália) permitirá realizar transferências imediatas entre países europeus. Esta conectividade transfronteiriça reduz as barreiras existentes, melhora a experiência dos utilizadores e impulsiona ainda mais a adoção de pagamentos instantâneos.
- Tap to Pay – a forma de receber pagamentos através com smartphones: O uso da tecnologia Tap to Pay continua a crescer. Esta tecnologia permite aceitar pagamentos diretamente a partir de smartphones, sem necessidade de hardware adicional, facilitando as transações rápidas e convenientes para pequenos negócios e profissionais autónomos.
- Limite à utilização de dinheiro em pagamentos: Na Europa, existe uma disparidade nas restrições quanto ao uso de dinheiro. Em alguns países, como a Áustria, Alemanha e os Países Baixos, não impõem limites, enquanto noutros, como Espanha, Portugal e França, os pagamentos em dinheiro estão limitados a quantias entre 1.000 e 3.000 euros. No entanto, espera-se que até 2027 a União Europeia unifique estas normas, estabelecendo um limite máximo para os pagamentos em dinheiro em todos os estados-membros, acelerando a adoção de métodos de pagamento digitais e promovendo um ambiente financeiro mais seguro e transparente.
- O euro digital: A versão digital da moeda única europeia está em fase de testes e espera-se que seja lançada nos próximos anos. Este novo meio de pagamento permitirá realizar transações instantâneas e seguras, diretamente de uma conta centralizada e sem a intervenção de bancos comerciais. O euro digital promete ser uma alternativa mais eficiente e segura, promovendo a digitalização dos pagamentos em toda a zona euro.
Estas tendências refletem o avanço para um futuro de pagamentos mais rápidos, seguros e conectados, tendo a tecnologia como principal aliada.
Maxence Cornet, Chief Technology Officer (CTO) da Rauva
As principais tendências que irão definir o setor fintech em 2025 decorrerão de avanços significativos na aplicação da Inteligência Artificial (IA), da expansão do Open Banking (o acesso seguro a dados bancários com autorização) e da normalização das transferências SEPA instantâneas.
A IA continuará a desempenhar um papel transformador nesta área, permitindo automatizar processos, personalizar serviços e melhorar a gestão de riscos, ao mesmo tempo que levanta questões sobre a segurança dos dados e a precisão dos modelos. O Open Banking, por sua vez, será ainda mais adotado como catalisador de inovação, com os pagamentos iniciados diretamente pelas plataformas a tornarem-se uma alternativa eficiente e segura às transações tradicionais. Já as transferências SEPA instantâneas, que permitem pagamentos imediatos, irão afirmar-se como o padrão, oferecendo uma experiência financeira mais rápida e eficiente para consumidores e empresas.
Na Rauva, estamos preparados para estas transformações e orgulhamo-nos de já utilizar IA, pois acreditamos que a capacidade de gerar insights personalizados, a partir de grandes volumes de dados, é uma mais-valia para melhorar a experiência dos nossos utilizadores e oferecer-lhes os melhores produtos e serviços. Com recurso a IA generativa, criamos insights de negócio adaptados às necessidades de cada cliente, e disponibilizamos conteúdo educativo para apoiar empreendedores no crescimento dos seus negócios. Integramos IA em várias áreas, como a deteção e prevenção de fraude, bem como na contabilidade, onde simplificamos operações financeiras e otimizamos o tempo e o trabalho de clientes e contabilistas. Além disso, estamos a integrar o Open Banking na nossa plataforma, permitindo aos utilizadores sincronizar múltiplas contas bancárias de diferentes instituições financeiras diretamente na aplicação da Rauva. Esta inovação simplifica a gestão financeira, melhora a eficiência nas transações e fornece métodos de pagamento mais rápidos e seguros através da combinação do Instant Sepa e do Open Banking, sendo uma alternativa instantânea e económica aos pagamentos com cartão. Implementámos também as transferências SEPA instantâneas como funcionalidade padrão, que estão a assegurar agilidade e conveniência na gestão das operações financeiras dos nossos clientes.
Ignacio Zunzunegui, Head of Growth da Revolut para o sul da Europa
O setor dos serviços financeiros está a passar por uma transformação significativa, impulsionada pelos rápidos avanços tecnológicos, pela alteração das expectativas dos consumidores e pela evolução da regulamentação. Para 2025, esperamos que esta mudança acelere nas seguintes áreas:
Personalização através de IA e de grandes volumes de dados – A inteligência artificial e a aprendizagem automática vão desempenhar um papel cada vez mais importante na oferta de soluções financeiras hiper personalizadas: desde os sistemas de apoio ao cliente alimentados por IA que proporcionam interações de conversação personalizadas e análises preditivas que oferecem conhecimentos financeiros dinâmicos até às estratégias orientadas por IA para a otimização da carteira de investimentos e orientação personalizada.
A Revolut anunciou recentemente o seu novo assistente com inteligência artificial para os consumidores, que será lançado gradualmente no próximo ano. Funcionará como um companheiro financeiro que se adapta às necessidades e preferências dos clientes na aplicação, orientando-os para hábitos financeiros mais inteligentes, melhores decisões financeiras e uma administração simplificada.
Bank-as-a-Service (BaaS) – O BaaS está a tornar-se uma pedra angular da inovação fintech. Ao fornecer APIs que permitem às empresas incorporar serviços financeiros diretamente nas suas plataformas, as fintechs podem capacitar as empresas a oferecer soluções bancárias personalizadas. A Revolut prevê a expansão das suas capacidades para ajudar empresas de todas as dimensões a integrar ferramentas financeiras, melhorando a sua oferta aos clientes e impulsionando o crescimento do ecossistema.
Democratização dos investimentos – As pessoas estão ansiosas por investir, pelo que há uma necessidade de simplificar o acesso aos investimentos em ações, criptomoedas e metais preciosos. A Revolut permite aos seus clientes investir em produtos que estavam fora do seu alcance, democratizando cada vez mais o acesso aos investimentos. O nosso objetivo é abrir essas opções ao público, pelo que os nossos clientes têm mais de 3.000 ativos disponíveis na aplicação, incluindo ações dos EUA e da UE, obrigações, fundos de tesouraria flexíveis e ETFs.