Como é o mapa de fronteiras entre Israel e Palestina que Espanha reconhece?

O governo espanhol formalizou esta terça-feira o reconhecimento do Estado da Palestina, mas referiu-se às fronteiras anteriores a 1967, também conhecidas como a “linha verde”.

Esta linha foi definida no armistício árabe-israelita de 1949, marcada com um lápis verde, para delimitar a separação entre o recém-criado Estado de Israel e os territórios palestinianos. Além disso, o primeiro-ministro Pedro Sánchez reafirmou a solução de dois Estados conforme os Acordos de Genebra de 2003, que prevê um corredor unindo Gaza e Cisjordânia, sob soberania israelita e gestão palestiniana.

Assim, na prática, olhando os mapas abaixo da evolução das fronteiras dos territórios de Israel e da Palestina, Espanha reconhece a terceira formação, datada de 1967.

Evolução das Fronteiras
Após a declaração de independência de Israel em 14 de maio de 1948, sem fronteiras definidas, a situação territorial permaneceu volátil até à Guerra dos Seis Dias em 1967. Durante este período, o Egito ocupava a Faixa de Gaza e a Jordânia anexou a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental. A vitória israelita na Guerra dos Seis Dias resultou na ocupação desses territórios, além da Península do Sinai e parte dos Altos do Golã. A Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, de 1967, instou Israel a retirar-se dos territórios ocupados.

A Guerra de Yom Kippur em 1973, onde Egito e Síria atacaram Israel, resultou numa nova vitória israelita e mudanças significativas nas fronteiras. Em 1979, o Egito tornou-se o primeiro país árabe a reconhecer Israel, com a fronteira entre os dois países sendo formalizada e Israel retirando-se do Sinai. Em 1994, a Jordânia seguiu o exemplo do Egito, reconhecendo Israel e estabelecendo uma fronteira formal.

Na década de 1990, os Acordos de Paz de Oslo representaram um marco nas negociações israelo-palestinianos. Sob a liderança de Isaac Rabin e Yasser Arafat, foi criada a Autoridade Palestina para administrar os territórios ocupados. Os Acordos de Oslo II dividiram a Cisjordânia em zonas A, B e C, com diferentes níveis de controlo palestiniano e israelita.

Apesar dos esforços de paz, a expansão dos colonatos israelitas ilegais continua a ser um grande obstáculo. Estima-se que cerca de 700.000 colonos israelitas vivem na Cisjordânia.

A violência relacionada com os colonatos intensificou-se após os ataques do Hamas em outubro de 2023 e a subsequente resposta israelita. Segundo a ONU, entre outubro de 2023 e janeiro de 2024, pelo menos 1.208 pessoas, incluindo 586 crianças, foram deslocadas devido à violência dos colonos e às restrições de acesso.

Gaza e a Ocupação Israelita
Desde a retirada das tropas israelitas de Gaza em 2005, a região tem sido um ponto de conflito contínuo. A ONU considera Gaza e Cisjordânia como uma entidade única ocupada, mas as fronteiras oficiais ainda não foram determinadas. Nos últimos sete meses de guerra, o exército israelita tem remodelado Gaza, criando uma “zona de segurança” de aproximadamente um quilómetro de profundidade na fronteira, ameaçando privar permanentemente a região de 16% do seu território, incluindo terras agrícolas.

O reconhecimento formal da Palestina por parte de Espanha representa um importante desenvolvimento nas relações internacionais e no apoio à solução de dois Estados, que continua a ser um ponto de consenso entre a comunidade internacional e a Autoridade Palestina. No entanto, este reconhecimento enfrenta desafios significativos, dado o atual cenário de expansão de assentamentos e conflitos contínuos na região.

A decisão de Espanha pode provocar reações variadas na comunidade internacional. Enquanto a Autoridade Palestina pode ver este reconhecimento como um passo positivo, o governo israelita de Benjamin Netanyahu e grupos como o Hamas têm manifestado respostas diferentes e díspares. O Hamas, embora tenha aberto a possibilidade de aceitar a solução de dois Estados sob certas condições, mantém uma postura crítica em relação às negociações.

Ler Mais