Como a pobreza ganhou terreno nas classes médias

exitA classe média vai sofrer uma implosão. Pobres de iPhone serão mais recorrentes, à medida que a pobreza se torna na palavra de ordem desta classe.

Com o desemprego a atingir níveis recorde na União Europeia, um quarto das pessoas que tinham até agora um nível de vida decente arriscam-se a engrossar as estatísticas da exclusão social.

Segundo estatísticas do Eurostat a pobreza é uma realidade cada vez mais visível em países como Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha e alguns países do leste europeu.

Os novos pobres


Os novos pobres são agora confrontados com escolhas difíceis: comida ou medicamentos? É o caso de Dimitris Pavlópulos, que tem de esticar a pensão mensal de 550 euros, quando apenas em medicamentos gasta 150 euros. Como ele são muitos e cada vez mais, o que compromete os mecanismos da União Europeia (UE) para fazer face à pobreza.

Destes novos pobres, são os jovens que se encontram numa posição mais delicada. A dificuldade em entrarem no mercado trabalho e a precariedade são dois dos motivos que os arrastam para os números do desemprego.

E como é que se avalia a pobreza? Segundo o jornal espanhol El País, há dois tipos de pobreza, a moderada ou relativa (para pessoas que têm até 60% do rendimento médio do país) e a severa (para os que têm 40% ou menos desse rendimento médio).

“A maioria dos pobres está cada vez mais longe desse limiar. Os pobres estão cada vez mais pobres mas também é verdade que há pessoas que nunca tinham entrado numa cantina social e, hoje, é lá que comem. As taxas de pobreza cresceram imenso nas crianças – em Espanha, uma em cada quatro está em situação de pobreza -, e muito entre os imigrantes e os jovens”, explica o sociólogo Paul Mari-Klose, do CSIC.

“Falamos de situações de privação, de não conseguir chegar ao fim do mês, ou de comer carne menos de duas vezes por semana. Mas em Espanha, tal como na Grécia, em Portugal e em Itália, não foi a extensão da pobreza que aumentou muito mas sim a sua severidade e a sua concentração em determinados grupos. Durante a expansão económica houve muitos jovens que se emanciparam precariamente e, agora, estão em situações limite. Na Islândia houve um enorme aumento da pobreza, sobretudo entre as crianças”, conclui Mari-Klose.

Fotografia de Graur Razvan Ionut

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