Com compras de Natal a chegar, setor da distribuição alerta que “flexibilidade laboral ainda é vista como um papão”

Gonçalo Lobo Xavier, diretor geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED),sublinhou que há três caminhos importantes para Portugal: “recursos humanos, sustentabilidade e digitalização e estabilidade fiscal”.

Relativamente aos recursos humanos, “é bom dizer que a flexibilidade é vista como um papão nas negociações com sindicatos. Em novembro e dezembro, com os cidadãos a comprarem mais, são precisas mais pessoas, no entanto este método ainda  é visto como perigoso”, adverte Gonçalo Lobo Xavier.

O líder associativo lembra ainda que “é preciso ainda investir em formação no próximo PRR, é um crime não o fazer nem consultar as empresas sobre isso.”

No que toca à sustentabilidade e digitalização, o executivo recorda que ainda não há soluções credíveis para transportar mercadorias sem camiões, alimentados a combustíveis fósseis.

Para isso é preciso tempo e investigação. “O retalho alimentar está na frente no combate ao desperdício”.

“No PRR, fala-se de digitalização mas não do que se fará das pessoas que vão perder empregos, é preciso ajustamento nos recursos humanos, é preciso que se invista em empresas. É preciso investimento financeiro”, sublinha Gonçalo Lobo Xavier.

Quanto à estabilidade fiscal, o diretor geral da APED frisou o peso das obrigações desta natureza que carregam o setor. “É bom lembrar que temos 36 taxas e tarifas, em relação obrigações acessórias, as empresas são obrigadas a entregar 59 declarações, o que exige que haja uma pessoa  nas empresas, independentemente da dimensão, que passa cinco semanas do ano a tratar desta matéria”.

“Isto não é razoável, nem nos leva a um crescimento dinâmico”, adverte Lobo Xavier.

Questionado pelos leitores da Executive Digest sobre o papel da distribuição na diminuição da pegada carbónica, Gonçalo Lobo Xavier lembra que apesar de os camiões recorrerem a combustão, “não temos nenhum veículo que não venha cheio ou que vá vazio, temos prémios para motoristas para comportamentos sustentáveis”.

“No entanto, não nos podemos esquecer que cabe a todos nós reduzir a pegada. Somos nós cidadãos os maiores responsáveis pelo desperdício alimentar, temos de lutar”, alertou o líder da APED.

Decorre hoje, no Museu do Oriente em Lisboa, a 21.ª Conferência Executive Digest com o tema “Desafios e Oportunidades – na Economia Pós-Covid”. Neste evento, 12 presidentes, CEO e gestores estão a subir ao palco para traçar possíveis caminhos para o futuro dos negócios e da economia em Portugal.

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